Uma (Educação) Matemática Normalizadora: Análise de Fóruns de um Curso de Extensão sobre Estudos de Gênero e Educação Matemática

Educação Matemática Pesquisa

Endereço:
Rua Marquês de Paranaguá - 111 - Consolação
São Paulo / SP
01303050
Site: https://revistas.pucsp.br/emp
Telefone: (11) 9244-8536
ISSN: 19833156
Editor Chefe: Saddo Ag Almouloud
Início Publicação: 04/02/1999
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Matemática, Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Uma (Educação) Matemática Normalizadora: Análise de Fóruns de um Curso de Extensão sobre Estudos de Gênero e Educação Matemática

Ano: 2023 | Volume: 24 | Número: 4
Autores: H. B. Guse, H. dos R. Detoni
Autor Correspondente: H. B. Guse | [email protected]

Palavras-chave: Educação Matemática, Gêneros e Sexualidades, Formação Continuada, Processos de Normalização, Estranhamento da Matemática

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A virada sociopolítica da Educação Matemática tem possibilitado reconhecer a não neutralidade da Matemática, principalmente no que tange às questões de gênero e sexualidade. Todavia, esse movimento ainda não é muito refletido em formações iniciais ou continuadas de docentes que ensinam Matemática, assim como em práticas pedagógicas que já tenham sido publicizadas. Em função desse cenário, o objetivo desse texto é analisar as discussões de um fórum do curso de extensão “Estudos de Gênero: o que a Matemática tem a ver com isso?” voltado para (futures) docentes que ensinam (ensinarão) Matemática, sobre os possíveis estereótipos que a Matemática pode (re)produzir no que diz respeito às pessoas que dissidem das normas de gênero e sexuais. Neste estudo visamos o estranhamento da pseudoneutralidade que foi discursivamente construída como inerente à disciplina ao longo dos anos. Para isso, organizamos a análise em torno de três eixos temáticos: a (i) visão da Matemática como campo restrito ou neutro, as (ii) dinâmicas de gênero na Matemática e as (iii) práticas e materiais pedagógicos como (não) potencializadores de processos de normalização. Concluímos, a partir da análise, que a Matemática ainda é atravessada por intencionalidades de uma pequena parcela da sociedade que visa a manutenção do status quo, e apontamos a necessidade de tensionarmos e rompermos com a (re)produção de processos discriminatórios que ocorrem na/pela Matemática.



Resumo Inglês:

The sociopolitical turn of Mathematics Education has made it possible to recognize the non-neutrality of Mathematics, especially with regard to issues of gender and sexuality. However, this movement is not yet very reflected in initial or continued training of teachers who teach Mathematics, as well as in pedagogical practices that have already been publicized. Due to this scenario, the objective of this text is to analyze the discussions in a forum of the extension course “Gender Studies: what does Mathematics have to do with it?” aimed at (future) teachers who teach (will teach) Mathematics, about the possible stereotypes that Mathematics can (re)produce with regard to people who dissent from gender and sexual norms. In this study we aim to estrange the pseudoneutrality that has been discursively constructed as inherent to the discipline over the years. To this end, we organize the analysis around three thematic axes: the (i) view of Mathematics as a restricted or neutral field, the (ii) gender dynamics in Mathematics and (iii) pedagogical practices and materials as (not) enhancing standardization processes. We conclude, from the analysis, that Mathematics is still crossed by intentions of a small portion of society that aims to maintain the status quo, and we point out the need to tension and break with the (re)production of discriminatory processes that occur in/ by Mathematics.



Resumo Espanhol:

El giro sociopolítico de la Educación Matemática ha permitido reconocer la no neutralidad de la Matemática, especialmente en lo que respecta a cuestiones de género y sexualidad. Sin embargo, este movimiento aún no se refleja mucho en la formación inicial o continua de los docentes que imparten Matemáticas, así como en las prácticas pedagógicas que ya han sido publicitadas. Debido a este escenario, el objetivo de este texto es analizar las discusiones en un foro del curso de extensión “Estudios de Género: ¿qué tiene que ver la Matemática con ello?” dirigido a (futuros) docentes que enseñan (enseñarán) Matemáticas, sobre los posibles estereotipos que las Matemáticas pueden (re)producir respecto de personas que disienten de las normas sexuales y de género. En este estudio pretendemos distanciarnos de la pseudoneutralidad que se ha construido discursivamente como inherente a la disciplina a lo largo de los años. Para ello, organizamos el análisis en torno a tres ejes temáticos: la (i) visión de las Matemáticas como un campo restringido o neutral, la (ii) dinámica de género en Matemáticas y (iii) las prácticas y materiales pedagógicos como (no) potenciadores de los procesos de estandarización. . Concluimos, del análisis, que las Matemáticas aún están atravesadas por intenciones de una pequeña porción de la sociedad que apunta a mantener el status quo, y señalamos la necesidad de tensionar y romper con la (re)producción de procesos discriminatorios que ocurren en / por Matemáticas.



Resumo Francês:

Le tournant sociopolitique de l’enseignement des mathématiques a permis de reconnaître la non-neutralité des mathématiques, notamment en ce qui concerne les questions de genre et de sexualité. Cependant, ce mouvement ne se reflète pas encore beaucoup dans la formation initiale ou continue des enseignants qui enseignent les mathématiques, ainsi que dans les pratiques pédagogiques déjà médiatisées. En raison de ce scénario, l’objectif de ce texte est d’analyser les discussions dans un forum du cours complémentaire « Études de genre : qu’est-ce que les mathématiques ont à voir là-dedans ? destiné aux (futurs) enseignants qui enseignent (enseigneront) les mathématiques, sur les éventuels stéréotypes que les mathématiques peuvent (re)produire à l'égard des personnes en désaccord avec les normes de genre et sexuelles. Dans cette étude, nous visons à éloigner la pseudoneutralité qui a été construite discursivement comme inhérente à la discipline au fil des années. À cette fin, nous organisons l'analyse autour de trois axes thématiques : (i) la vision des mathématiques comme un domaine restreint ou neutre, (ii) la dynamique de genre en mathématiques et (iii) les pratiques et matériels pédagogiques comme (non) améliorant les processus de normalisation. . Nous concluons, de l'analyse, que les mathématiques sont encore traversées par les intentions d'une petite partie de la société qui vise à maintenir le statu quo, et nous soulignons la nécessité de mettre en tension et de rompre avec la (re)production de processus discriminatoires qui se produisent dans / par Mathématiques.