OS AMNÉSICOS UMA HISTÓRIA DA DESNATURAÇÃO DEMOCRÁTICA BRASILEIRA

REVISTA DE CIÊNCIAS DO ESTADO - REVICE

Endereço:
Avenida João Pinheiro, nº 100, Centro.
Belo Horizonte / MG
30130-180
Site: https://seer.ufmg.br/index.php/revice/index
Telefone: (31) 3409-8620
ISSN: 25258036
Editor Chefe: Lucas Antônio Nogueira Rodrigues
Início Publicação: 31/05/2016
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Serviço social, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

OS AMNÉSICOS UMA HISTÓRIA DA DESNATURAÇÃO DEMOCRÁTICA BRASILEIRA

Ano: 2022 | Volume: 7 | Número: 2
Autores: R. P. Gontijo
Autor Correspondente: R. P. Gontijo | [email protected]

Palavras-chave: Amnésicos; Democracia brasileira; Desnaturação; Inércia; Mito.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste trabalho, focalizam-se duas amnésias tipicamente brasileiras –a primeira apegada a uma postura cética quanto à possibilidade de quaisquer progressos sociais e a segunda, à crença desarrazoada em um passado quase idílico. Entrelaçando-as à vulgarização do texto constitucional, busca-se compreender a maneira pela qual o espectro dos primeiros amnésicos favorece o comportamento dos segundos, bem como a maneira pela qual ambos relacionam-se à aparição, no plano concreto, do risco à desnaturação constitucional-democrática. Para tanto, este trabalho observa como se dá o salto da descrença na efetividade normativa à indiferença política, terreno do qual falsários da história –mistificadores do passado e complotistas –irão se aproveitar e também perscruta as artimanhas utilizadas pelos segundos amnésicos para colocar em prática seus anseios. Ao fim deste projeto, vê-se que, embora permanente, a crise brasileira ganha novas feições quando a disputa pelo poder alcança o campo digital, espaço amplificador de fanatismos, de retóricas inverossímeis e de polarizações. Se se pretende compreender a democracia brasileira em seu estágio atual, pensa-se ser necessário, antes de tudo, analisar as mentalidades que a favoreceram; daí o desejo de investigar a potência das vozes amnésicas no cenário político brasileiro. É nesse sentido que se concebe a metáfora da nau dos amnésicos, com a qual o presente trabalho se inicia. Adentrando-a, verifica-se que é a partir do silêncio, da inércia, que a democracia se desnatura.



Resumo Inglês:

In this paper, we focus on two typically Brazilian amnesias -the first attached to a skeptical posture towards the possibility of any social progress, and the second to an unreasonable belief in an almost idyllic past. By intertwining them with the vulgarization of the constitutional text, we seek to understand the way in which the spectrum of the first amnesiacs favors the behavior of the second, as well as the way in which both are related to the concrete appearance of the risk of constitutional-democratic denaturation. To this end, this paper observes how the leap from disbelief in the normative effectiveness to political indifference takes place, a terrain that "history fakers" –mystifiers of the past and comploticians –will take advantage of, and also scrutinizes the tricks used by the second amnesiacs to put their desires into practice. At the end of this paper, we see that, although permanent, the Brazilian crisis gains new features when the dispute for power reaches the digital field, a space thatamplifies fanaticism, unrealistic rhetoric and polarization. If we intend to understand Brazilian democracy in its current stage, we think it is necessary to analyze the mentalities that favored it; hence the desire to investigate the power of the amnesicvoices in the Brazilian political scene. It is in this sense that the metaphor of amnesiacs’ ship, which inaugurates the present. Entering it, we verify that it is from silence, from inertia, that democracy is denatured.



Resumo Espanhol:

 

Este trabajo se centra en dos amnesias típicamente brasileñas: la primera, ligada a una postura escéptica respecto a la posibilidad de cualquier progreso social, y la segunda, a una creencia irracional en un pasado casi idílico. Entrelazándolos con la vulgarización del texto constitucional, buscamos comprender la forma en que el espectro de los primeros favorece el comportamiento de los segundos, así como la forma en que ambos se relacionan con la aparición, en el plano concreto, del riesgo de la desnaturalización constitucional-democrática. Para ello, este trabajo observa cómo se produce el salto dela incredulidad en la eficacia normativa a la indiferencia política, un terreno del que se aprovecharán los "farsantes de la historia" –los mistificadores del pasado y los complotistas –y también escudriña las artimañas utilizadas por los segundos amnésicos para poner en práctica sus deseos. Al final de este proyecto, vemos que, aunque permanente, la crisis brasileña adquiere nuevas características cuando la disputa por el poder llega al campo digital, un espacio que amplifica el fanatismo, la retórica incrédula y la polarización. Si queremos entender la democracia brasileña en su etapa actual, creemos que es necesario, antes que nada, analizar las mentalidades que la han favorecido; de ahí el deseo de investigar el poder de las voces amnésicas en la escena política brasileña. En este sentido se concibe la metáfora del barco de los amnésicos que inaugura la presente obra. Entrando en ella, se comprueba que es desde el silencio, desde la inercia, que se desnaturaliza la democracia.