Entre conquistas e retrocessos, os direitos políticos das mulheres foram garantidos pela Constituição de 1988, após um histórico de restrições à cidadania feminina. Neste contexto, as sufragistas, em sua maioria brancas, desafiaram a dominação masculina e o determinismo biológico que confinava as mulheres ao espaço privado. O movimento, porém, em seu cerne, não considerou as experiências das mulheres negras cujas vidas, devido ao contexto escravocrata brasileiro, não estavam restritas à esfera privada, o que levou à invisibilização das mulheres negras que desempenharam papéis significativos na história da conquista dos direitos políticos no Brasil. Nesta perspectiva, este trabalho reflete sobre a construção da cidadania política das mulheres negras, destacando os desafios para exercer o direito de votar e ser votada. O texto está dividido em três partes: primeiro, analisa-se a relação entre cidadania e escravidão no Brasil, apresentando-se o conceito de “imagem de controle”; em seguida, revisita-se a participação das mulheres negras no movimento sufragista, com ênfase para a trajetória de Antonieta de Barros e Almerinda Farias Gama; e, por fim, explora-se as estratégias usadas por mulheres negras no contexto atual para obter visibilidade nos espaços políticos e assumir o controle de suas próprias imagens.
Between achievements and setbacks, women's political rights were secured by the 1988 Constitution, following a history of restrictions on female citizenship. In this context, suffragists — predominantly white — challenged male dominance and the biological determinism that confined women to the private sphere. However, the movement, at its core, did not account for the experiences of Black women, whose lives, due to the Brazilian slavery context, were not limited to the private sphere. This led to the invisibility of Black women who played significant roles in the history of political rights achievements in Brazil. From this perspective, this work reflects on the construction of political citizenship for Black women, highlighting the challenges of exercising the right to vote and be elected. The text is divided into three sections: first, it analyzes the relationship between citizenship and slavery in Brazil, introducing the concept of "controlling images"; next, it revisits the participation of Black women in the suffragist movement, with a focus on the trajectories of Antonieta de Barros and Almerinda Farias Gama; and finally, it explores the strategies employed by Black women in the current context to gain visibility in political spaces and assert control over their own images.
Entre logros y retrocesos, los derechos políticos de las mujeres fueron garantizados por la Constitución de 1988, después de una historia de restricciones a la ciudadanía femenina. En este contexto, las sufragistas, en su mayoría blancas, desafiaron la dominación masculina y el determinismo biológico que confinaba a las mujeres al ámbito privado. Sin embargo, el movimiento, en su esencia, no tuvo en cuenta las experiencias de las mujeres negras, cuyas vidas, debido al contexto esclavista brasileño, no estaban limitadas al ámbito privado. Esto llevó a la invisibilidad de las mujeres negras que desempeñaron papeles significativos en la historia de la conquista de los derechos políticos en Brasil. Desde esta perspectiva, este trabajo reflexiona sobre la construcción de la ciudadanía política de las mujeres negras, destacando los desafíos para ejercer el derecho a votar y ser votada. El texto está dividido en tres partes: primero, se analiza la relación entre ciudadanía y esclavitud en Brasil, presentando el concepto de “imagen de control”; a continuación, se revisita la participación de las mujeres negras en el movimiento sufragista, con énfasis en las trayectorias de Antonieta de Barros y Almerinda Farias Gama; y, por último, se exploran las estrategias utilizadas por las mujeres negras en el contexto actual para obtener visibilidad en los espacios políticos y asumir el control de sus propias imágenes.