Este artigo é um recorte de uma pesquisa de mestrado e tem por finalidade analisar o funcionamento da heteronormatividade no currículo de uma escola de educação básica. A abordagem metodológica foi qualitativa, a partir de um posicionamento pós-crítico. Realizamos entrevistas abertas com sete docentes (cinco mulheres e dois homens) e a análise dos dados considerando discurso como categoria teórica. Os resultados da pesquisa informam que discursos normalizadores funcionam como demandas educativas, conferindo inteligibilidade de gênero aos corpos, marcando e regulando também aqueles/as que apresentam performance as quais se distanciam e rompem com as normas de gênero. Também foi observado que noções essencialistas sobre gênero e sexualidade são acionadas, aprendidas e ensinadas, mediante o atravessamento de discursos biológico e religioso nas narrativas, definindo e fixando duas identidades de gênero possíveis e opostas: masculina-homem/feminina-mulher. Os discursos que atravessam as narrativas reforçam a (re)produção da heterossexualização compulsória no currículo investigado, com poucas experiências de subversões.
This article is an excerpt from a master's research and aims to analyze the functioning of heteronormativity in the curriculum of a basic education school. The methodological approach was qualitative, based on a post-critical position. We conducted open interviews with seven teachers (five women and two men) and data analysis considering speech as a theoretical category. The results of the research inform that normalizing discourses function as educational demands, conferring gender intelligibility to the bodies, also marking and regulating those who present performance which distance themselves and break with the gender norms. It was also observed that essentialist notions about gender and sexuality are triggered, learned and taught, through the crossing of biological and religious discourses in the narratives, defining and fixing two possible and opposite gender identities: male-man / female-woman. The discourses that cross the narratives reinforce the (re) production of compulsory heterosexualization in the investigated curriculum, with few experiences of subversions.