O corpo humano é um tema importante no currículo de ciências e biologia, no entanto, pesquisas apontam a falta de identificação dos estudantes com os corpos apresentados nos materiais didáticos. Além das questões biológicas, o corpo humano deve ser entendido como um constructo social, histórico e cultural, sujeito a discursos de normatividade. A partir do que foi exposto, nossa pesquisa foi desenvolvida com objetivo de construir subsídios para discutir como o desenvolvimento do estudo do corpo humano no século XVI e XVII privilegiou corpos a serem estudados e representações que apontam para um corpo universal. A pesquisa histórica foi desenvolvida sob a lente historiográfica da História Cultural da Ciência com objetivo de analisar as práticas científicas e a cultura visual envolvidas no estudo do corpo humano no período delimitado. A dissecação de corpos humanos e a produção de imagens nos tratados de anatomia foram as práticas científicas analisadas, evidenciando a predominância da representação do corpo masculino/europeu e as limitações na representação de corpos diversos. Por fim, destacamos o papel das imagens na construção do conhecimento científico sobre o corpo humano e sua relevância para a educação em ciências, apontando para a necessidade de uma representação mais crítica e diversificada do corpo humano nos materiais educacionais, a fim de promover uma educação mais inclusiva e reflexiva.