Validação da Versão Brasileira da Medida de Independência Funcional

Acta Fisiátrica

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ISSN: 0104-7795 / e-ISSN: 2317-0190
Editor Chefe: Linamara Rizzo Battistella
Início Publicação: 01/11/1994
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Multidisciplinar

Validação da Versão Brasileira da Medida de Independência Funcional

Ano: 2004 | Volume: 11 | Número: 2
Autores: Riberto M, Miyazaki MH, Jucá SSH, Sakamoto H, Pinto PPN, Battistella LR
Autor Correspondente: Marcelo Riberto | [email protected]

Palavras-chave: validade, sensibilidade, avaliação da incapacidade, medida de independência funcional

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A versão brasileira de Medida de Independência Funcional (MIF) foi desenvolvida em 2000. Estudos de sua validade ainda são necessários como forma de corroborar seu uso na avaliação da reabilitação de brasileiros incapacitados, uma vez que peculiaridades socioculturais nacionais podem determinar um comportamento diverso dos dados fornecidos pelo instrumento. Objetivos: O objetivo deste estudo é testar a validade de construto da MIF ao checar a validade convergente em grupos de pacientes com deficiências nas quais se esperam estar presentes graus específicos de incapacidade. Método: Prontuários médicos de 150 pacientes com lesão medular (LM) e 103 pacientes com lesões encefálicas (LE) de dois centros de reabilitação da cidade de São Paulo forneceram dados a respeito de características biodemográficas, clínicas e funcionais. O grau de incapacidade foi avaliado pela MIF. Os pacientes com LM foram classificados de acordo com o nível de acometimento medular, como cervicais, torácicos ou lombares e abaixo. Pacientes com LE foram classificados conforme o dimídio mais comprometido como direito, esquerdo ou bilaterais. A sensibilidade da MIF foi testada em 93 pacientes com LE e 59 com LM por meio da comparação dos valores da MIF total, cognitiva e motora de admissão e alta. Resultados: entre os pacientes com LM pudemos demonstrar uma clara associação entre o nível de incapacidade e a MIF motora (cervical = 34.4 ± 25.2, torácica = 51.6 ± 19.5, lombar = 67.5 ± 18.6; p < 0.001). A MIF cognitiva apresentou um efeito teto entre os pacientes com lesão medular (85% dos pacientes tinham MIFc no valor mais alto possível), por outro lado, entre os pacientes com LE, isso não pode ser observado e houve uma associação entre o valor obtido na MIFc e o lado envolvido, sendo os pacientes com envolvimento do hemicorpo esquerdo aqueles menos dependente em termos cognitivos. Houve mudança estatisticamente significante durante o tratamento, como pode ser observado pela variação da MIFm em  pacientes com LM e LE (44.5 ± 24.1x 61.0 ± 23.8; p < 0.001 e 54.1 ± 23.0 x 64.7 ± 21.3; p <0.001). O mesmo pode ser observado em pacientes com LE com comprometimento a esquerda e à direita, mas não quando o comprometimento era bilateral. Conclusão: a validade convergente da versão brasileira da MIF pode ser observada para as tarefas motoras tanto em pacientes com LM como LE. A MIFc mostrou-se de pouca utilidade entre os pacientes com LM crônico sob reabilitação ambulatorial, apesar de a associação com melhores performances em pacientes com LE e comprometimento à esquerda também colaborar para a sua validade. A versão brasileira da MIF mostrou-se sensível a alterações e clinicamente útil para a avaliação de resultados de reabilitação em pacientes ambulatoriais subagudos e crônicos no Brasil.



Resumo Inglês:

The Brazilian version of the Functional Independence Measure (FIM) was developed in the 2000. Studies of validity is still required in order corroborate its use in rehabilitation assessment of Brazilian individuals, since local peculiarities may determine differences in the data provided by such instrument. Objectives: the aim of this study is test construct validity of the FIM by checking its convergent validity in groups of patients with impairments expected to develop specific levels of disability. Methods: Medical charts of 150 SCI and 103 hemiplegic patients from 2 rehabilitation centers in São Paulo provided data about demographic characteristics, clinical and functional features. The level of disability was evaluated by the Functional Independence Measure. Traumatic SCI patients were classified according to the level of injury as cervical, thoracic and lumbar or below. Hemiplegic patients were classified according to the side of motor impairment as right, left or bilateral. Sensibility to change was tested in 93 hemiplegic and 59 SCI patients by comparing admission and discharge values of motor, cognitive and total FIM. Results: among SCI we could demonstrate a clear association between the level of the injury and the motor FIM (cervical = 34.4 ± 25.2, thoracic = 51.6 ± 19.5, lumbar = 67.5 ± 18.6; p < 0.001). Cognitive FIM showed a ceiling effect in SCI (85% patients had cFIM at the highest value), on the other hand, among hemiplegic patients this could not be noticed and an association between cognitive FIM and the side of impairment, being the left-side-disabled patients the least cognitively dependent. Statistically significant variations during treatment could be noticed in mFIM in SCI and stroke patients (44.5 ± 24.1x 61.0 ± 23.8; p < 0.001 and 54.1 ± 23.0 x 64.7 .± 21.3; p <0.001). The same could be observed with cFIM in left-sided and right-sided stroke patients, but not for patients with bilateral motor impairment. Conclusion: convergent validity of the Brazilian version of FIM could be shown by the comparison of the results of motor domain among SCI patients with different levels of impairment. Cognitive FIM was proved of little use in chronic SCI patients under rehabilitation, although its association with the better results in left-sided stroke patients also collaborates with its validity. The Brazilian version of FIM proved to be sensitive to changes and of clinically useful as a measure of outcome of rehabilitation for subacute and chronic outpatients in Brazil.