Terrorismo: perspectivas políticas e psicanalíticas

Revista Brasileira de Ciências Criminais

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ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Terrorismo: perspectivas políticas e psicanalíticas

Ano: 2018 | Volume: 149 | Número: Especial
Autores: Amanda Bessoni Boudoux Salgado, José Roberto Macri Jr.
Autor Correspondente: Amanda Bessoni Boudoux Salgado | [email protected]

Palavras-chave: Terrorismo – Violência – Desumanização – Trauma – Diálogo.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A despeito da ausência de uma definição universalmente aceita de terrorismo, pode-se afirmar que a sua caracterização geral reside no uso deliberado de violência dirigida a um grande público, com o objetivo de coagir a comunidade ou o governo a atender exigências de motivação política e/ou ideológica. O presente artigo discute alguns aspectos centrais relacionados à temática do terrorismo, partindo de uma perspectiva psicanalítica com o intuito de questionar a melhor forma de enfrentar esta manifestação extrema de violência. Tratamos, inicialmente, das disfunções provocadas pelo contexto de violência nos níveis individual, grupal e cultural. Posteriormente, são apontados fatores que podem, em maior ou menor grau, influenciar a formação de grupos terroristas, destacando-se, no entanto, que a junção dos elementos é particularmente determinante. O terceiro aspecto analisado diz respeito aos papéis que a desumanização, o ódio e a vingança desempenham na articulação de grupos fundamentalistas e na efetiva realização de atentados terroristas. Em seguida, abordamos os sintomas dos traumas psíquicos, individualmente e de forma coletiva (as sociedades traumatizadas). Conclui-se que as estratégias de enfrentamento ao terror devem considerar perspectivas pautadas pela reumanização e promoção do diálogo, de modo a evitar respostas irrefletidas, movidas unicamente pelo ódio e pelo desejo de vingança.



Resumo Inglês:

In spite of the absence of a universally accepted definition of terrorism, it can be said that its general characterization is the deliberate use of violence directed at a large public, with the aim of compelling the community or government to meet demands of political motivation and/or ideological. This article discusses some central aspects related to the theme of terrorism, starting from a psychoanalytical perspective in order to question the best way to confront this extreme manifestation of violence. We deal initially with the dysfunctions caused by the context of violence at the individual, group and cultural levels. Subsequently, factors that may, to a greater or lesser extent, influence the formation of terrorist groups are pointed out, although it is important to highlight that the combination of elements is particularly determinant. The third aspect analyzed concerns the roles that dehumanization, hatred and revenge  play in the articulation of fundamentalist groups and terrorist attacks. Next, we address the symptoms of psychic trauma, individually and collectively (traumatized societies). It is concluded that strategies for coping with terror should consider perspectives based on the rheumanization and promotion of dialogue in order to avoid reckless responses, motivated solely by hatred and the desire for revenge.