Sobre Beethoven, O Silêncio de Hege

Revista da Tulha

Endereço:
Rua Prof. Dr. Olivier Toni, s/n - Monte Alegre (Cidade Universitária)
Ribeirão Preto / SP
14040-900
Site: http://www.revistas.usp.br/revistadatulha/index
Telefone: (16) 3315-0102
ISSN: 2447-7117
Editor Chefe: Marcos Câmara de Castro; Eliel Almeida Soares
Início Publicação: 02/01/2017
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Sobre Beethoven, O Silêncio de Hege

Ano: 2019 | Volume: 5 | Número: 2
Autores: Lucas Eduardo da Silva
Autor Correspondente: Lucas Eduardo da Silva | [email protected]

Palavras-chave: Filosofia da Arte, Beethoven, Hegel.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

É amplamente reconhecida a magnitude que ganhou a música como objeto do pensamento filosófico no século XIX. Mesmo compositores, antes considerados na condição de artesãos, tornaram-se pensadores influentes, na esteira da importância da música no pensamento de grandes filósofos. Ludwig van Beethoven (1770-1827) se destaca como pioneiro de uma tendência que culminará na relevância adquirida por Richard Wagner para a história da filosofia: no século XIX os mais importantes filósofos darão certa primazia à estética – incluindo a musical – há pouco organizada como disciplina. É o caso de G. W. F. Hegel (1770-1831), o mais influente filósofo contemporâneo de Beethoven. A hipótese deste estudo parte da não relação entre esses dois importantes protagonistas, o que, na conjuntura histórica indicada, é estranhamente notável. Hegel, em suas muitas preleções dedicadas à arte e à música, jamais cita Beethoven entre os muitos compositores dos quais lança mão como seus exemplos; além disso, é possível que haja determinadas censuras veladas de caráter poético-estilístico desenvolvidas em seus escritos, aplicáveis à música do compositor alemão. Por outro lado, embora não haja registro de comentários de Beethoven acerca de sua ausência na filosofia de Hegel, a hipótese deste estudo sugere que a resposta ao programa hegeliano possa ter se dado no campo artístico, especificamente através de sua Nona Sinfonia. Ainda pouco explorada, a conjunção arte-filosofia, tomada no âmbito da relação entre compositores e filósofos, pode encontrar aqui uma prévia menos ruidosa do consagrado embate Nietzsche-Wagner. Assim sendo, devido aos muitos pontos movediços que são base da hipótese proposta, curiosamente, este ensaio visa especular justamente sobre aquilo que surge do silêncio de ambos os atores em questão: aquilo que Hegel não disse, e o que este silêncio quer dizer; aquilo que Beethoven não expôs em forma de registro escrito, respondendo ao silêncio hegeliano sobre si com uma obra musical, e a efetividade desta resposta.



Resumo Inglês:

The magnitude that music gained as an object of philosophical thought  in  the  19th  century  is  widely  recognized.  Even  composers, previously considered as artisans, became influential thinkers, in the wake of the importance of music in the thinking of great philosophers. Ludwig van Beethoven (1770-1827) stands out as a pioneer of a trend that would culminate in the relevance acquired by Richard Wagner for the history of philosophy: in the 19th century, the most important philosophers would confer a certain primacy to aesthetics – including musical – recently organized as a subject. This is the case of G. W. F. Hegel (1770-1831), Beethoven’s  most  influential  contemporary  philosopher.  The  hypothesis of this study starts from the non-relation between these two important protagonists, which, in that historical context, is strangely remarkable. Hegel, in his many lectures devoted to art and music, never mentions Beethoven among the many composers he uses as examples; moreover, there may be certain veiled censures of a poetic-stylistic character developed in his writings, applicable to the music of the German composer. On the other hand, although there is no record of Beethoven’s comments about his absence in Hegel’s philosophy, the hypothesis of this study suggests that the answer to the Hegelian program may have taken place in the artistic field, specifically through his Ninth Symphony. In this sense, the conjunction of art and philosophy, taken in the context of the relationship between composers and philosophers, can find here a less noisy preview of the renowned Nietzsche-Wagner clash. Therefore, due to the many shifting points that are the basis of the proposed hypothesis, curiously, this essay aims to speculate precisely on what arises from the silence of both actors in question: what Hegel did not say, and what this silence means; what Beethoven did not expose in the form of a written record, responding to the Hegelian silence about himself with a musical opus, and the effectiveness of this response.