Raça, gênero e colonialidade: críticas marginais para a criminologia feminista e sua epistemologia

Revista Brasileira de Ciências Criminais

Endereço:
Rua Onze de Agosto, 52 - 2º Andar - Centro - Centro
São Paulo / SP
01018-010
Site: http://www.ibccrim.org.br/
Telefone: (11) 3111-1040
ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Raça, gênero e colonialidade: críticas marginais para a criminologia feminista e sua epistemologia

Ano: 2018 | Volume: 146 | Número: Especial
Autores: Bruna Stéfanni Soares de Araújo
Autor Correspondente: Bruna Stéfanni Soares de Araújo | [email protected]

Palavras-chave: Criminologia feminista – Epistemologia – Colonialidade – Política criminal de drogas – Feminismo negro

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo se dedica a discutir a construção das bases epistemológicas da Criminologia feminista, campo do conhecimento protagonista dos estudos sobre gênero e sistema punitivo, a partir da problemática da criminalização de mulheres latino-americanas por crimes relacionados a drogas. A partir da análise da construção da Criminologia Moderna através dos seus referenciais epistêmicos eurocêntricos, destacamos as críticas advindas de uma perspectiva marginalizada que busca romper com a hegemonia ideológica das fontes de conhecimento, principalmente no que tange à análise dos processos de criminalização que ocorrem no Brasil, tendo como referência a América Latina. Recepciona-se conceitos trazidos pelos Estudos Decoloniais, como a Colonialidad del Poder e a Colonialidad del Gênero para se traçar um percurso teórico mais nítido. Nesse sentido, analisa-se a relação do racismo com a criminalização das populações submetidas aos processos de exploração colonial, e a situação das mulheres latino-americanas encarceradas pelo crime de tráfico de drogas, através da investigação de dados empíricos e oficiais que traz em seu bojo a necessidade de recepcionarmos os feminismos negros, latino-americanos e contra-hegemônicos na Criminologia Feminista para que a análise realizada do encarceramento de mulheres no Brasil abarque elementos de sua própria realidade e tenha potencial de emancipação concreta.



Resumo Inglês:

This article focuses on the construction of the epistemological bases of feminist Criminology, a field of knowledge that is the protagonist of studies on gender and punitive system, based on the problematic of the criminalization of Latin American women for drug-related crimes. From the analysis of the construction of Modern Criminology through its Eurocentric epistemic references, we highlight the critics coming from a marginalized perspective that seeks to break with the ideological hegemony of the sources of knowledge mainly regarding the analysis of the processes of criminalization that occur in Brazil, with reference to Latin America. Concepts brought by the Decolonial Studies, such as the Colonialidad del Poder and the Colonialidad del Género, are sent to a clearer theoretical course. In this sense, the relationship between racism and the criminalization of populations subjected to colonial exploitation processes, as well as the situation of Latin American women incarcerated by the crime of drug trafficking, is analyzed through the investigation of empirical and official data. I emphasize the need to acknowledge the feminism of black, Latin American and counter-hegemonic feminisms in Feminist Criminology so that the analysis of the imprisonment of women in Brazil encompasses elements of their own reality and has the potential for concrete emancipation.