As práticas produtivas e alimentares no espaço rural do Oeste de Santa Catarina: a ação pública na busca e na crítica à modernidade

Estudos, Sociedade e Agricultura

Endereço:
Avenida Presidente Vargas, 417 - 9º andar - Centro
Rio de Janeiro / RJ
20071003
Site: https://revistaesa.com/
Telefone: (21) 2224-8577
ISSN: 2526-7752
Editor Chefe: Raimundo Santos
Início Publicação: 29/10/1993
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Multidisciplinar

As práticas produtivas e alimentares no espaço rural do Oeste de Santa Catarina: a ação pública na busca e na crítica à modernidade

Ano: 2020 | Volume: 28 | Número: 1
Autores: Catia Grisa, Andréia Tecchio, Leticia Andrea Chechi, Eric Sabourin
Autor Correspondente: Catia Grisa | [email protected]

Palavras-chave: ação pública, modernidade, práticas produtivas e alimentares

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A região do Oeste de Santa Catarina se integrou à “modernização da agropecuária” a partir da década de 1950, por meio da agroindustrialização de alimentos, tendo como protagonistas o Estado, a sociedade civil e o mercado, que atuaram nos níveis nacional, estadual e municipal. Baseado na sociologia da ação pública, o objetivo deste artigo consiste em verificar como as políticas públicas promoveram a modernidade e como ações e políticas públicas mais recentes reforçam ou delineiam novos padrões e trajetórias de desenvolvimento rural e influenciam práticas produtivas e alimentares. A coleta de dados associou revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Em 2018, foram realizados dois grupos focais, 13 entrevistas semiestruturadas com gestores públicos e mediadores de sete organizações atuantes na região, e foram aplicados 49 questionários em domicílios rurais localizados em Chapecó e nove municípios vizinhos. Os resultados da pesquisa indicam que a modernidade levou uma parcela significativa de agricultores familiares a produzirem menos alimentos para o autoconsumo e a consumirem mais alimentos industrializados e ultra processados, além de ter provocado concentração da produção, êxodo rural e poluição ambiental. Diante desses riscos e incertezas, “novas” práticas produtivas e alimentares emergiram e novos atores passaram construir alternativas à modernidade. As “novas” estratégias produtivas consistiram na agroindustrialização de alimentos, produção agroecológica, resgate da biodiversidade, criação de feiras e a manutenção da produção para o autoconsumo, apoiadas por diversas ações e políticas públicas. O mesmo Estado que produz riscos, ameaças e incertezas produtivas e alimentares, também contribui para a segurança alimentar e nutricional na região.



Resumo Inglês:

The western region of Santa Catarina was integrated to the “modernization of agriculture” in the 1950s, through the agro-industrialization of the food system, having as protagonists the State, civil society and the market, which acted at the national, state and municipal levels. Based on the sociology of public action, the objective of this paper is to verify how public policies promoted modernity and how the more recent public actions and policies reinforce or delineate new patterns and trajectories of rural development and influence productive and food consumption practices. The methodological procedures consisted of literature review and field research. In 2018, we conducted 13 semi-structured interviews with public managers and mediators from seven organizations operating in the region, two focus groups and 49 questionnaires with family farmers located in Chapecó and nine adjacent municipalities. The results indicate that modernity has led a significant portion of family farmers to produce less food for self-consumption and to consume more industrialized and ultra-processed foods, besides causing concentration of production, rural exodus and environmental pollution. Faced with these risks and uncertainties, “new” food and production practices emerged, and new actors began to build alternatives to modernity. The “new” production strategies consisted of food agro-industrialization, agroecological production, biodiversity restoration, creation of fairs, and the maintenance of production for self-consumption, supported by various actions and public policies. The same State that produces productive and food risks, threats and uncertainties, also contributes to food and nutritional security in the region.