Por onde circulam os corpos invisíveis? Intersecções entre população em situação de rua e gêneros dissidentes no acesso institucional urbano

Revista Brasileira de Estudos da Homocultura (REBEH)

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ISSN: 2595-3206
Editor Chefe: Bruna Andrade Irineu
Início Publicação: 01/01/2018
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Multidisciplinar

Por onde circulam os corpos invisíveis? Intersecções entre população em situação de rua e gêneros dissidentes no acesso institucional urbano

Ano: 2019 | Volume: 2 | Número: 1
Autores: Nathália Carneiro da Cunha Prados, Brune Coelho Brandão, Juliana Perucchi
Autor Correspondente: Juliana Perucchi | [email protected]

Palavras-chave: Gênero; Identidades trans; Travesti; População de rua; Assistência Social

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

No Brasil, historicamente a população negra e indígena sofreu violências que as colocaram em uma posição de subalternidade, de modo a produzir diferentes posições de sujeitos de (sem) direitos. Nos diais atuais, esse processo histórico, político e social possibilitou, através da noção de direito neoliberal no país durante o período de redemocratização, que essas pessoas historicamente a margem ocupassem uma nova posição de sujeito – a de população em situação de rua. Além disso, o Brasil é o país que apresenta grande índice de violência contra a população travesti e transexual. Desse modo, esse trabalho, com base na perspectiva interseccional feminista, busca uma articulação entre os marcadores sociais de classe, raça e gênero, de modo a problematizar as limitações dos acessos institucionais que pessoas travestis e transexuais em situação de rua vivenciam no município. Realizou-se uma observação flutuante, consoante com os pressupostos da etnografia, nas instituições em que tais sujeitos circulavam na cidade. Através disso, foi elaborado um diário de campo com impressões e falas, analisados sob a ótica metodológica da análise do discurso de Foucault. Como resultado, pode-se destacar o papel normatizador e repressor da polícia em reiterar  posição subalterna desses sujeitos, a lógica caritativa que atravessa os serviços de assistência social no município e a falta de conhecimento acerca do gênero enquanto construção social pelos/as profissionais. Além disso, há apontamentos acerca de diferentes modos de subjetivação de tais pessoas, que não se reconhecem nem como transexual nem como travesti.



Resumo Inglês:

In Brazil, historically the black and indigenous population has suffered violence that has placed them in a position of subordination, in order to produce different positions of subjects with (without) rights. Nowadays, this historical, political and social process made it possible, through the notion of neoliberal law in the country during the period of redemocratization, that these people on the margins historically occupied a new position of subject - that of the homeless population. In addition, Brazil is the country that has a high rate of violence against the transvestite and transsexual population. Thus, this work, based on the feminist intersectional perspective, seeks an articulation between the social markers of class, race and gender, in order to problematize the limitations of institutional access that transvestite and transsexual people living on the street experience in the municipality. There was a fluctuating observation, according to the assumptions of ethnography, in the institutions where these subjects circulated in the city. Through this, a field diary was created with impressions and speeches, analyzed from the methodological perspective of the analysis of Foucault's discourse. As a result, it is possible to highlight the normative and repressive role of the police in reiterating the subordinate position of these subjects, the charitable logic that runs through the social assistance services in the municipality and the lack of knowledge about gender as a social construction by the professionals. In addition, there are notes about different modes of subjectification of such people, who recognize themselves neither as transsexual nor as transvestites.



Resumo Espanhol:

En Brasil, históricamente, la población negra e indígena ha sufrido violencia que los ha colocado en una posición de subordinación, con el fin de producir diferentes posiciones de sujetos con (sin) derechos. Hoy en día, este proceso histórico, político y social hizo posible, a través de la noción de derecho neoliberal en el país durante el período de redemocratización, que estas personas en los márgenes ocuparan históricamente una nueva posición de sujeto: la de la población sin hogar. Además, Brasil es el país que tiene una alta tasa de violencia contra la población travesti y transexual. Por lo tanto, este trabajo, basado en la perspectiva interseccional feminista, busca una articulación entre los marcadores sociales de clase, raza y género, con el fin de problematizar las limitaciones del acceso institucional que las personas travestis y transexuales que viven en la calle experimentan en el municipio. Hubo una observación fluctuante, según los supuestos de la etnografía, en las instituciones donde estos sujetos circulaban en la ciudad. A través de esto, se creó un diario de campo con impresiones y discursos, analizado desde la perspectiva metodológica del análisis del discurso de Foucault. Como resultado, es posible resaltar el papel normativo y represivo de la policía al reiterar la posición subordinada de estos sujetos, la lógica caritativa que atraviesa los servicios de asistencia social en el municipio y la falta de conocimiento sobre el género como una construcción social por parte de los profesionales. Además, hay notas sobre los diferentes modos de subjetivación de tales personas, que no se reconocen ni transexuales ni travestis.