A POLÍTICA DO POLICIAMENTO PREDITIVO: PRESSUPOSTOS CRIMINOLÓGICOS, TÉCNICAS ALGORÍTMICAS E ESTRATÉGIAS PUNITIVAS

Revista Brasileira de Ciências Criminais

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ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

A POLÍTICA DO POLICIAMENTO PREDITIVO: PRESSUPOSTOS CRIMINOLÓGICOS, TÉCNICAS ALGORÍTMICAS E ESTRATÉGIAS PUNITIVAS

Ano: 2021 | Volume: Especial | Número: Especial
Autores: Daniel Edler Duarte e Luisa Cruz Lobato
Autor Correspondente: Daniel Edler Duarte | [email protected]

Palavras-chave: Policiamento preditivo – Previsão de crimes – Viés algorítmico – Punitivismo – Discriminação policial

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Os últimos anos presenciaram uma rápida expansão no uso de sistemas de predição de crimes por parte das instituições policiais. Desenvolvedores de softwares prometem que seus modelos matemáticos são capazes de antecipar tendências e dar mais precisão para estratégias preventivas de controle do crime, aumentando a eficiência e a transparência das polícias. No entanto, críticos afirmam que os mapas de crimes futuros reproduzem padrões discriminatórios encontrados nas bases de dados dos sistemas de justiça criminal, contribuindo para maior criminalização de populações marginalizadas. Neste artigo, debatemos as implicações dos sistemas preditivos para a prática policial e argumentamos que estes espelham o senso comum punitivo que ganhou espaço a partir dos anos 1980. Para tanto, traçamos um breve paralelo histórico entre o desenvolvimento do pensamento criminológico e as técnicas de análise estatística e visualização cartográfica adotadas pelas polícias. Aprofundamo-nos também em alguns dos modelos preditivos mais comuns no mercado de forma a ilustrar como estes adotam pressupostos da criminologia ambiental em seus mapas de risco. Por fim, abordamos as controvérsias em torno dos sistemas preditivos e sua autoridade epistemológica, demostrando que estes naturalizam e legitimam práticas repressivas.



Resumo Inglês:

The past decade witnessed a fast implementation of predictive systems in police institutions. Software developers promise their mathematical models are capable of anticipating criminal trends, affording more precision to preventive strategies, and enhancing police efficiency and transparency. However, critics claim maps of future crime reproduce discriminatory patterns inherent to the databases used in the justice system, which further criminalizes marginalized communities. In this article, we debate predictive system’s impact in police practices and demonstrate that these systems reproduce punitive rationalities that gained track in the 1980s. In this sense, we trace the historical parallels between the development of criminological thinking and police techniques for statistical analysis and crime mapping. We also delve into popular predictive models to illustrate how they advance assumptions of the environmental criminology. Finally, we address current controversies on predictive systems and their epistemological authority, and claim that these systems naturalize and legitimize repressive police practices.