OS SENTIDOS DO TRABALHO E A PRODUÇÃO ARTESANAL: OS CASOS DO LUTHIER E DO MESTRE VIDREIRO

Revista Mundi Engenharia Tecnologia e Gestão

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ISSN: 25254782
Editor Chefe: Alysson Ramos Artuso
Início Publicação: 30/06/2016
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Multidisciplinar

OS SENTIDOS DO TRABALHO E A PRODUÇÃO ARTESANAL: OS CASOS DO LUTHIER E DO MESTRE VIDREIRO

Ano: 2016 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: Felipe Tavares, Valquiria Padilha
Autor Correspondente: F. Tavares, V. Padilha | [email protected]

Palavras-chave: trabalho, trabalho precarizado, sentidos do trabalho, trabalho artesanal

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

No contexto capitalista atual, em que o mundo do trabalho tem se caracterizado como um cenário de precarização, incertezas e instabilidades, onde a maioria dos assalariados realiza trabalhos alienados e com pouco sentido, que alternativas seriam possíveis aos trabalhadores? Seria o trabalho artesanal uma opção de vida laboral dotada de sentido, ainda que inserido na lógica capitalista? Que particularidades esse tipo de trabalho possui? Seriam
elas suficientes para propiciar aos trabalhadores/artesãos o que os empregos tradicionais da sociedade industrial não propiciam? Com essas questões ao fundo, o presente artigo é resultado de uma pesquisa que investigou quais são as características peculiares do trabalho artesanal e em que medida elas podem ser consideradas como indicadores de um trabalho com sentido, não alienado - ainda que na ordem capitalista. Partimos da premissa de que a precarização do mundo do trabalho no capitalismo se dá, como evidenciam inúmeros estudos, pelo fato de o trabalhador assalariado estar imerso num universo de gestão cujos valores e princípios levam ao esgotamento físico e mental, sendo a produção artesanal uma das possíveis alternativas que propiciam condições de trabalho mais saudáveis e autônomas. Para confirmar essa suposição, analisamos as experiências de duas categorias de artesãos existentes no Brasil - o luthier e o vidreiro. A partir do contato com esses mestres de ofício, por
meio de uma pesquisa etnográfica que usou observação não participante e entrevistas aprofundadas, concluímos que os mestres artesãos, apoiados pelas peculiaridades do savoirfaire artesanal, estão parcialmente isentos da precarização presente no cotidiano laboral dos trabalhadores assalariados.



Resumo Inglês:

In the current capitalist context, where the world of labor has been characterized as a scenario marked by precariousness, uncertainties and instabilities and where most of the wage earners perform alienated meaningless jobs, which alternatives would be possible for the workers? Would the craftsman work be an option for a meaningful working life, even if inserted in the capitalist logic? Which particularities does this type of work have? Would they be enough to provide workers/artisans with what the industrial society’s traditional jobs do not provide? With these questions in mind, this paper presents the results from a research that investigated what the peculiar characteristics of the craftsman work are and to what extent they can be considered as indicators of a meaningful and not alienated work - even in the capitalist order. We started from the premise that, as numerous studies point out, the precariousness of the world of labor in capitalism takes place due to the fact that wage earners are immersed in a management universe whose values and principles lead to physical and mental exhaustion,
being the artisanal production one of the possible alternatives that provide healthier and autonomous working conditions. In order to confirm this assumption, we have analyzed the experiences of two categories of artisans existing in Brazil - the luthier and the glassmaker. As from the contact with these master craftsmen, by means of an ethnographic research that made use of non-participating observation and in-depth interviews, we have come to the conclusion that the master craftsmen, supported by the peculiarities of the artisanal savoir-faire, are
partially exempt from the precariousness present in the wage earners’ everyday labor.