O presente artigo refere-se a proposta curricular e aos direcionamentos políticos do programa “Escolas do Amanhã” da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. O programa implantado pelo Decreto nº 31022 de 24 de agosto de 2009 possui parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) através da assinatura de um Termo de Cooperação Técnica. Recorremos à metáfora da hipocrisia organizada, cunhada por Brunsson (2006) na análise das organizações educativas desconexas e contraditórias, especificamente, dotadas de princípios pedagógicos inconsistentes com o ambiente institucional e com a política educacional posta em ação. Concluimos que tais políticas, por hipótese, ancoradas pelos indicadores dos organismos internacionais que evidenciam baixos índices de escolaridade e exclusão social próximos a áreas de periferias e favelas, produzem “consensos” que não só interferem na implementação de políticas sociais quanto na reconfiguração do trabalho docente, utilizando oficineiros e mães comunitárias nas ações pedagógicas. Ademais, a utilização de expressões como “educador comunitário”, “áreas de risco”, “vida em comunidade”, “escolas do amanhã”, “sociedade civil”, “voluntários”, “pacificação”, “sociedades aprendentes”, “cidadãos” e “cultura de paz” condicionam o cerne do programa a motivações governamentais claramente definidas diante das disputas da hegemonia de um modelo “pacificador” de cidade. Palavras-chave: Programa Escolas do Amanhã. Hipocrisia Organizada. Organismos Internacionais. Currículo. Políticas Educacionais.