A modinha como expressão nacional do século XIX desmistificando a aura de gênio do Padre José Maurício Nunes Garcia

Revista da Tulha

Endereço:
Rua Prof. Dr. Olivier Toni, s/n - Monte Alegre (Cidade Universitária)
Ribeirão Preto / SP
14040-900
Site: http://www.revistas.usp.br/revistadatulha/index
Telefone: (16) 3315-0102
ISSN: 2447-7117
Editor Chefe: Marcos Câmara de Castro; Eliel Almeida Soares
Início Publicação: 02/01/2017
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

A modinha como expressão nacional do século XIX desmistificando a aura de gênio do Padre José Maurício Nunes Garcia

Ano: 2020 | Volume: 6 | Número: 2
Autores: Pedro Vaccari
Autor Correspondente: Pedro Vaccari | [email protected]

Palavras-chave: Modinha, gênio romântico, Padre José Maurício Nunes Garcia, popular-tradicional.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A figura do gênio romântico, atormentado e incompreendido, que morre na miséria, tem acompanhado o fluxo de mistificação histórica desde o século XVIII, na figura de Mozart. Transladado para os trópicos, esse personagem foi personificado em José Maurício Nunes Garcia, compositor negro da Corte de D. João VI no Brasil, que teria Marcos Portugal como rival e antípoda – o Salieri de Portugal/Brasil. Por meio de uma pesquisa que analisou todos os Jornais de Modinha publicados em Lisboa de 1792 a 1796, e as Modinhas Imperiais que vieram a prelo pelas mãos de Mário de Andrade em 1930, pudemos perceber, entretanto, que o gênero modinha, cultivado por José Maurício em pelo menos quatro peças sobreviventes, possui elos motívicos que podem caracterizá- lo como pertencente a uma nacionalização incipiente da música brasileira. A partir dessa premissa foi possível traçar um perfil do Padre que desmistifica a aura do gênio, já que suas modinhas, em específico “Marília, si me não amas…”, trazem elementos que remontam à tradição popular oral brasileira. A Modinha, gênero que ressoaria em suas próprias missas para constituir uma brasilidade em música, não seria antes um gênero aglutinador de influências folclóricas e populares urbanas, e o fato de José Maurício compor nesse estilo não o aproximaria das correntes tradicionais de retórica neo-trovadoresca?



Resumo Inglês:

The establishment of the romantic genius, full of anguish and mis-understood, who dies in misery, has followed the flow of historical mys-tification since the 18th century, in the figure of Mozart. Transferred to the tropics, this character was personified in Father José Maurício Nunes Garcia, black composer of the Court of D. João VI in Brazil, who would have Marcos Portugal as his rival and antipode – the true Salieri of Portugal / Brazil. Through our research, that analyzed all the Modinha Newspapers published in Lisbon from 1792 to 1796, and the Imperial Modinhas that were published by Mário de Andrade in 1930, one can see, furthermore, that the genre modinha, cultivated by José Maurício in at least four surviving pieces, has motivic links that can characterize him as belonging to an incipient nationalization of Brazilian music. Based on this argument, it was possible to draw a profile of the Father that demy-stifies the aura of genius, since his modinhas, specifically “Marília, si me não amas...”, bring characters that remind us the popular Brazilian oraltradition. Modinha, a song that would resonate in its own masses to constitute a Brazilianness in music, would not be a genre that brings togetherurban folk and popular influences, and the fact that José Maurício composed in this style would not bring him closer to the traditional currents of neo-troubadour rhetoric?