As formas de ocupação e de exploração deram caracterÃsticas muito peculiares à Capitania de Minas Gerais. A grande presença de negros e a dinâmica da mineração, associada a uma forte urbanização e ao mesmo tempo a uma desenvolvida agropecuária, dão formas únicas à sociedade da Comarca do Rio das Velhas, em especial no século XVIII, que constituÃa, nas Minas, uma sociedade cultural em constante movimento, com sujeitos ativos em sua própria história. Por esses motivos, é no contexto dessa importante Comarca que se desenvolve o tema proposto nesta pesquisa. Discutindo sobre o que era entendido como educação para o perÃodo, através da legislação e do que tem sido mostrado pela historiografia, é que se buscaram indÃcios das práticas educativas – entendidas como toda relação em que se observa transmissão de saber e transformação de comportamento dos sujeitos envolvidos, de forma concreta.
Por meio dos inventários post morten, foi possÃvel a observação desses indÃcios, relacionados à educação, presentes nos bens arrolados, nos traslados dos testamentos, nos autos de contas e tive a possibilidade de perceber diferentes práticas educativas um grupo ainda pouco estudado pela História da Educação: os órfãos de famÃlias abastadas. Seguindo as indicações das fontes, foi uma lista com essas práticas educativas encontradas possibilitando observar várias práticas educativas dos órfãos das famÃlias mais abastadas deste perÃodo na Comarca do Rio das Velhas. A observação das várias práticas educativas permitiu analisar as diferenças e proximidades entre elas, para os diferentes tipos de órfãos, fossem eles legÃtimos ou ilegÃtimos / naturais, homens ou mulheres. Mesmo que não fossem particularidades deste grupo unicamente, pôde-se observar, na pesquisa em que se baseia este artigo, que elas se diferenciavam das estratégias e práticas educativas que vêm sendo observadas para os órfãos das camadas mais pobres da mesma sociedade.
Acredito que a importância de tal estudo está na colaboração que o mesmo dá a discussão acerca conceito de práticas educativas. Conceito este que está ainda em desenvolvimento, principalmente nas pesquisas que vêm sendo elaboradas sobre a educação nas Minas setecentististas, em especial pelo Grupo de Pesquisa Cultura e Educação na América portuguesa, do qual faço parte.