Investigação narrativa: entre detalhes e duração

Revista Educação, Pesquisa e Inclusão

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ISSN: 2675-3294
Editor Chefe: Gilvete Lima Gabriel
Início Publicação: 15/05/2020
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação

Investigação narrativa: entre detalhes e duração

Ano: 2020 | Volume: 1 | Número: Não se aplica
Autores: Herve Breton
Autor Correspondente: Herve Breton | [email protected]

Palavras-chave: micro-fenomenologia; narrativa; pesquisa narrativa

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A investigação narrativa tem por especificidade buscar compreender o vivido mobilizando as narrativas da experiência “em primeira pessoa”. Os princípios que fundamentam sua pertinência são os seguintes: apreensão e compreensão dos processos de edificação dos “pontos de vista” que emergem das situações experimentadas pelas pessoas implicadas na investigação, supondo acompanhar duas passagens: da experiência à linguagem – ou a expressão pelas palavras do vivido – e a configuração das palavras em textos – ou a narração. A afirmação da necessidade de um acompanhamento desses processos provém do seguinte postulado: o início da pesquisa supõe conduzir a si mesmo em direção a um trabalho de apreensão do vivido segundo diferentes escalas temporais a partir das quais pode se chegar à narração da experiência. Assim, buscando a expressão do vivido “em primeira pessoa”, o investigador (que pode ser um pesquisador, um formador, um conselheiro de orientação profissional) não solicita ao outro a informação sobre o que foi vivido. Ele mobiliza os procedimentos de orientação, cujo o efeito é o de favorecer “a entrada na investigação” dos sujeitos com os quais ele pesquisa e trabalha, o que leva a considerar que a investigação narrativa é uma forma de pesquisa “necessariamente em primeira pessoa”, pois somente a pessoa que vive a experiência de um fenômeno encontra-se capaz de dizer, a partir do seu ponto de vista e com as suas próprias palavras, sobre o que ela viveu, os efeitos que ela experienciou e os impactos experienciais e biográficos sofridos.



Resumo Inglês:

The narrative inquiry has the specificity of seeking to understand the lived by mobilizing the narratives of the experience “in the first person”. The principles that support its relevance are the following: apprehension and understanding of the “point of view” building processes that emerge from the situations experienced by the people involved in the inquiry, supposing to accompany two phases: from experience to language - or the expression by the words of the lived - and the configuration of words in texts - or narration. The affirmation of the need to monitor these processes comes from the following postulate: the beginning of the research supposes to lead oneself towards a work of apprehension of the lived according to different time scales from which the narration of the experience can be reached. Thus, looking for the expression of the lived “in the first person”, the researcher (who can be a researcher, a trainer, a professional guidance counselor) does not ask the other for information about what was experienced. He mobilizes the guidance procedures, the effect of which is to favor “the entry into the inquiry” of the subjects with whom he researches and works, which leads him to different time scales from which the narration of the experience can be reached. Thus, looking for the expression of the lived “in the first person”, the researcher (who can be a researcher, a trainer, a professional guidance counselor) does not ask the other for information about what was experienced. He mobilizes the guidance procedures, the effect of which is to favor “the entry into the inquiry” of the subjects with whom he researches and works, which leads him to consider that narrative inquiry is a form of research “necessarily in the first per-son” , because only the person who experiences a phenomenon is able to say, from his point of view and in his own words, about what he lived, the effects he experienced and the experiential and biographical impacts suffered.



Resumo Francês:

L’enquête narrative a pour spécificité de chercher à comprendre le vécu en mobilisant des récits d’expérience « en première personne ». Les principes qui fondent sa pertinence sont les suivants : l’appréhension et la compréhension des processus d’édification des « points de vue » à partir desquels se pensent les situations éprouvées par les personnes impliquées dans l’enquête supposent d’accompagner deux passages : celui de l’expérience au langage ‒ soit la mise en mots du vécu ‒ puis celui de la configuration des mots en textes, soit la mise en récits. La nécessité affirmée d’un accompagnement de ces processus provient du postulat suivant : l’entrée dans l’enquête suppose de conduire soi-même un travail de saisie du vécu selon différentes échelles temporelles à partir desquelles peut s’accomplir la narration de l’expérience. Ainsi, en visant l’expression du vécu « en première personne », « l’enquêteur » (qui peut être un chercheur, un formateur, un conseiller en orientation professionnelle) ne prélève pas de l’information sur le vécu d’autrui. Il mobilise des procédés de guidance dont l’effet est de favoriser « l’entrée dans l’enquête » des sujets avec lesquels il cherche et travaille. Cela conduit à considérer que l’enquête narrative est une forme d’enquête « nécessairement en première personne » puisque seule la personne ayant fait l’expérience d’un phénomène se trouve en capacité de dire, de son point de vue, et avec ses mots, ce qu’elle a vécu, les effets qu’elle a éprouvés, les retentissements expérientiels et biographiques qui en ont résulté.