Inter/transculturalidade na Amazônia educação bilingue intercultural entre os baniwa-coripaco

Revista Amazônida

Endereço:
Avenida Rodrigo Otávio - Campus Universitário - Setor Norte - Bloco Uatumã - Japiim
Manaus / AM
69077-000
Site: https://www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/amazonida/index
Telefone: (92) 3305-4596
ISSN: 2527-0141
Editor Chefe: Fabiane Maia Garcia
Início Publicação: 27/07/2016
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação

Inter/transculturalidade na Amazônia educação bilingue intercultural entre os baniwa-coripaco

Ano: 2021 | Volume: 6 | Número: 1
Autores: Olivier Meunier
Autor Correspondente: Olivier Meunier | [email protected]

Palavras-chave: Educação bilíngue intercultural; povos indígenas; desenvolvimento sustentável; Amazônia; Baniwa.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A transmissão tradicional deconhecimentos nas sociedades oraise o modelo ocidental escolar podem parecer,a priori,dicotômicos, o que frequentemente contribuiu para o seu desenvolvimento justaposto e frequentemente tem contribuído para um processo de dominação do segundo sobre o primeiro. No Brasil, após o processo republicano que visouassimilar as populações indígenas à nação durante os anos 1970-80, o modelo ocidentalorganizou-se para salvaguardar oterritório e a identidade culturalindígena, o quetempreparado,desde os anos 1990, a generalização de uma educação escolar intercultural nos territórios indígenas, abrindo o modeloescolar ocidental para os conhecimentos socioculturais indígenas. Assistimos a invenção institucional de uma escola indígena em um contexto de questionamentoda hegemonia de dispositivos e das visões do mundo procedentes da colonização e da construção do Estado-nação brasileiro. Essa dinâmica inscreve-se no âmbito de um processo de transição democrática e de descentralização que caracteriza uma nova forma de governança de uma grande parte dos países da América Latina,onde os territórios indígenas e os recursos dos quais dispõem podem ser preservados. Tem-se a possibilidade de desenvolver outravisão da educação escolar baseada numa dialética entre conhecimentosindígenas e conhecimentos escolares numa perspectiva de desenvolvimento sustentável dos territórios indígenas.Novas experiências começam a efetuar-se a partir do fim dos anos 2000 no ensino médio numa perspectiva “integrada”,eo estudo de caso da escolaPamáali informa-nos sobre a maneira como foi organizado e sua articulação com os aspectos culturais, linguísticos, societais e ambientais específicos dos povos Baniwa e Coripaco que são os protagonistas.



Resumo Inglês:

The traditional transmission of knowledge in societies based on orality and in the Western-type school model can appear a priori dichotomous, which often contributed to their juxtaposed development and to a process of domination by the second of the first.In Brazil, following the republican process aiming to assimilate the indigenous people to the Nation during the years 1970-1980, the indigenous people organized themselvesto safeguard their territory and their cultural identity, which gave place, from the 1990’s, to the generalization of an intercultural school education in the indigenous territories, opening Western-type schools with indigenous sociocultural knowledge. Weattend to the institutional invention of an indigenous school in a context of questioning the hegemony of the world state machinery and the way of thinking resulting from the colonization and the construction of the Brazilian Nation-State. This dynamic deals with the scope of a democratic transition and decentralization process which characterizes a new form of governance of most of the Latin American countries where the indigenous territories and the resources belonging to them can be preserved. By givingthe possibility to formulate another vision of the school education based on the dialectic between indigenous knowledge and school knowledge in a sustainable developmental perspective of the indigenous territories, new experiments started to be expanded from the end of the 2000’s in colleges with an “integrated” way of teaching. The Pamáali case study informs us about the way in which this was organized and in particular its articulation with the specific cultural, linguistic, societal and environmental aspects of the Baniwa and Coripaco people who are the protagonists.



Resumo Francês:

La transmission traditionnelle des savoirs dans les sociétés relevant de l’oralité et le modèle occidental de la forme scolaire peuvent apparaîtrea prioridichotomiques, ce qui a souvent contribué à leur développement juxtaposé et souvent à un processus de domination du second sur les premières. Au Brésil, suite au processus républicain visant à assimiler les populations autochtones à la Nation durant les années 1970-1980, ces dernières se sont organisées pour sauvegarder leur territoire et leur identité culturelle, ce qui a donné lieu, à partir des années 1990, à la généralisationd’une éducation scolaire interculturelle dans les territoires amérindiens, ouvrant la forme scolaire occidentale aux savoirs socioculturels autochtones. Nous assistons à l’invention institutionnelle d’une école amérindienne dans un contexte de remise en cause de l’hégémonie des appareils et des visions du monde issues de la colonisation et de la construction de l’Etat-nation brésilien. Cette dynamique s’inscrit dans le cadre d’un processus de transition démocratique et de décentralisation qui caractérise une nouvelle forme de gouvernance d’une grande partie des pays d’Amérique latine où les territoires autochtones et les ressources dont ils disposent peuvent être préservés. En se donnant la possibilité de développer une autre vision de l’éducation scolaire basée sur une dialectique entre savoirs amérindiens et savoirs scolaires dans une perspective de développement durable des territoires autochtones, des expériences-pilote commencent à s’effectuer à partir de la fin des années 2000 dans des lycées avec un enseignement «intégré». L’étude de cas du collège-lycée Pamáali nous renseigne sur la manière dont il a été organisé et notamment son articulation avec les aspects culturels, linguistiques, sociétaux et environnementaux spécifiques des peuples Baniwa et Coripaco qui en sont les protagonistes. Après avoir rappelé le contexte de la scolarisation conventionnelle et le processus d’élaboration d’un enseignement bilingue interculturel en pays baniwa, nous allons examiner plus particulièrement comment il a été organisé à l’école Pamáali et notamment dans l’enseignement moyen, où sa forme «intégrée», basée sur une dialectique entre savoirs «traditionnels» et «technico-scientifiques», a permis d’initier des projets de développement durable répondant aux besoins spécifiques des populations.