Hidrografia urbana: desigualdade socioespacial em áreas irregulares em Ponta Grossa, Paraná/Brasil

Ano: 2018 | Volume: 10 | Número: 21

Autores: Nisiane Madalozzo, Edson Belo Clemente de Souza

Palavras-chave: Produção do espaço, ocupação irregular, setores censitários

Resumo Português:

O presente artigo visa analisar a ocupação irregular às margens do córrego do Lajeadinho, em Ponta Grossa – PR, como estudo de caso para uma situação identificada de forma recorrente em leitos de rios urbanos na cidade de Ponta Grossa – PR. A hidrografia urbana pode ser considerada um importante elemento influenciador na manifestação da desigualdade socioespacial nesse município. Como metodologia, utiliza-se 1) a análise da distribuição de equipamentos urbanos e 2) apresenta-se uma análise dos indicadores sociais referentes a essa ocupação irregular, iniciada na década de 1960. Os dados estatísticos disponibilizados em escala de Setores Censitários possibilitam identificar apenas até certo nível a relação entre a localização dos corpos d’água e a distribuição das classes socioeconômicas. Por outro lado, devido à baixa densidade demográfica das áreas estudadas e ao fato de os setores abrangerem uma área muito extensa em número de quadras, nota-se limitação desse método para identificar de forma objetiva e específica a localização de populações de baixa e alta renda dentro de um mesmo setor. Assim, conclui-se que estudos relativos à ocupação irregular em margens de córregos em situação de densidade demográfica semelhante à de Ponta Grossa – PR –  Brasil devem apoiar-se em levantamentos mais específicos, como atividades de campo, a fim de especificar e aprofundar os apontamentos gerados pelas análises de laboratório que têm por base os dados censitários. Aponta-se, assim, a necessidade de repensar o uso amplamente difundido de análises censitárias como únicas fontes de dados estatísticos para o desenvolvimento de políticas públicas e decisões de gestão urbana em geral.

Resumo Inglês:

This paper aims at analyzing the irregular urban occupation on the riverbanks of Lajeadinho River, in Ponta Grossa, Paraná, Brazil, as a case study for a commonly identified situation on other riverbanks in Ponta Grossa. The urban hydrography can be considered an important element that influences on the manifesting of social-spatial inequality in this context. The methodology includes 1) analysis of urban equipment distribution and 2) analysis of social indicators related to this irregular occupation dated from 1960s. The statistical data available from Census Sector range allows the researchers to identify the relation between riverbanks and economic distribution only up to a certain level. Due to low demographic density ad to the fact that the census sectors are too extent in area, the method is considered limited and insufficient to identify objectively the location of different economic classes inside one same sector. The conclusion is that studies concerning the irregular occupation of riverbanks on cities with low demographic density require support of other methodologies, such as field work, to specify information identified on statistics. Thus, this study shows the need of rethinking de use of census sectors analysis, nowadays the primary methodology applied, as the only source for the development of public policies and urban management in general.

Resumo Espanhol:

El artículo visa hacer un análisis de la ocupación irregular marginales al río Lajeadinho, en Ponta Grossa, Paraná, Brasil, como un estudio de caso para una situación identificada recurrentemente en esta ciudad. La red hidrográfica urbana puede ser considerada un importante elemento influyente en el manifiesto de la desigualdad socioespacial en ese contexto urbano. Como métodos, se han utilizado 1) el análisis de distribución de los equipamientos urbanos y 2) el análisis de los indicadores sociales referentes a dicha ocupación irregular, iniciada por los años 1960. Los datos estadísticos disponibles en escala de Sectores Censales posibilitan identificar apenas hasta determinado nivel la relación entre la localización de los ríos y la distribución de las clases socioeconómicas. Por otra parte, por haber baja densidad demográfica en el caso estudiado y por ser los sectores censales considerablemente extensos en área, es posible notar límites en la metodología, que no permite reconocer específicamente la localización de poblaciones de alto y bajos ingresos en el mismo sector. La conclusión es que estudios relativos a la ocupación irregular alrededor de ríos con semejante densidad demográfica deben apoyarse en relevamientos más específicos, como conferencias in loco, a fin de especificar y profundizar apuntamientos generados por análisis de laboratorio con datos de sectores censales. Es apuntada la necesidad de repensar el uso ampliamente difundido de análisis censales como las únicas fuentes de datos estadísticos para el desarrollo de políticas públicas y decisiones de gestión urbana en general.