A escolha do tema está relacionada à construção de novas práticas escolares no início da escolarização das crianças. Notamos que quando o professor e a escola se comprometem em transgredir os métodos tradicionais, deixando de lado a velha maneira de ensinar a pesquisar, ler e escrever, o aluno desperta seu interesse e se envolve com esses recursos, mostrando-se entusiasmado. Se há uma “utilidade” da literatura na escola, muito mais que ensinar gramática e coisas assim, é a de possibilitar, no plano da expressão, o contato do leitor com uma linguagem expressiva, renovadora e poética, e, no plano do conteúdo, a discussão de temas que, no fundo, acabam sempre especulando sobre a construção do significado da existência. Obviamente não pretendo, repito, ser conclusivo diante de assuntos tão imensos. Evitar, porém, o debate em torno de uma classificação dos livros infantis, sob qualquer pretexto, parece-me irresponsável: a confusão entre a arte (e a ficção) e o didatismo utilitário costuma ter o perverso dom de afastar as pessoas, independentemente de faixas etárias, da leitura e, principalmente, da literatura.