Fato como ficção: recontando as ciências nos EUA no início do século 20

Revista Khronos de História da Ciência

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ISSN: 2447-2158
Editor Chefe: Gildo Magalhães
Início Publicação: 01/01/2008
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: História, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Fato como ficção: recontando as ciências nos EUA no início do século 20

Ano: 2020 | Volume: 0 | Número: 9
Autores: V. F. P. de Andrade, O. F. Júnior
Autor Correspondente: V. F. P. de Andrade | [email protected]

Palavras-chave: imaginação, futuro, ciências, ficção científica, divulgação científica

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Seja a escrita de um poema ou de um romance, essas eram tidas como as atividades humanas mais elevadas até o início do século 20. Ao lado de poetas, cientistas não teriam lugar. Graças a associação entre a filosofia materialista e cientistas – pessoas sem consideradas sem imaginação -, havia um certo desgosto das ciências por parte das pessoas literatas. Os EUA pós-Guerra viram a necessidade de unificar essas duas culturas – as mesmas apontadas pelo físico e romancista inglês C.P. Snow, na década de 50. O cenário contribuiu para mudar lentamente a maneira como a imprensa especializada comunicava ciências para o público: no lugar de números e equações, metáforas, especulações futurísticas e histórias de ficção foram incorporadas como parte das rotinas jornalísticas. Esse foi o contexto em que o editor e escritor Hugo Gersnsback lançou a revista pulp de “scientifiction” Amazing Stories, cuja primeira edição foi publicada em abril de 1926. Com o mote “Ficção hoje, fato amanhã”, a revista proclamava o poder dos fatos científicos aliados a imaginação promovendo uma reconcilliação entre ciências e humanidades, de forma a impulsionar a imagem das ciências na democracia norte-americana. O processo se encaixa com a proposta de que a cultura científica no formato espiral, proposta pelo linguista e divulgador das ciências Carlos Vogt.



Resumo Inglês:

Whether writing a poem or a novel, these were considered to be the highest human activities until the early 20th century. Along with poets, scientists would have no place. Thanks to the association between materialist philosophy and scientists - people without being considered without imagination - there was a certain disgust in the sciences on the part of literary people. The post-war USA saw the need to unify these two cultures - the same ones pointed out by the English physicist and novelist CP Snow, in the 50s. The scenario contributed to slowly change the way the specialized press communicated science to the public: instead numbers and equations, metaphors, futuristic speculations and fictional stories were incorporated as part of journalistic routines. This was the context in which the editor and writer Hugo Gersnsback launched the pulp magazine “Scientifiction” Amazing Stories, whose first edition was published in April 1926. With the motto “Fiction today, fact tomorrow”, the magazine proclaimed the power of scientific facts combined with imagination promoting a reconciliation between sciences and humanities, in order to boost the image of sciences in American democracy. The process fits in with the proposal that scientific culture in a spiral format, proposed by linguist and science promoter Carlos Vogt.