O trabalho apresenta dois relatos autobiográficos de uma pessoa surda a respeito de suas vivências e memórias e que são tomados como ponto de partida para pensar como essas narrativas singulares podem desenhar uma surdez mais à margem do que vem sendo construído por narrativas mais amplas, que ora apresentam a surdez como deficiência, como um corpo "que não funciona" , ora como diferença e, nessa direção, tendo fundamentalmente a língua de sinais como aspecto constitutivo de uma identidade surda única. Nesse sentido, discuto brevemente a necessidade da defesa da surdez como uma categoria semi-fictícia e semi-necessária, buscando através de um percurso metodológico que faz uso das narrativas autobiográficas como dispositivos para a (re)organização de representações sobre si, fazer reverberar também o que diz uma pessoa surda sobre suas memórias particulares e sobre suas vivências cotidianas, no exercício de dar a ver modos singulares de compreensão e de experiência da surdez a partir de outras sensorialidades.
The work presents two autobiographical reports of a deaf person about their experiences and memories, which are taken as a starting point to think how these singular narratives could draw a deafness more off-center than has been built by broader narratives, which now they present deafness as a disability, as a body “that does not work”, sometimes as a difference - and, in this sense, fundamentally with sign language as a constitutive aspect of a unique deaf identity. In this sense, I briefly discuss the need to defend deafness as a semi-fictional and semi-necessary category, searching through a methodological path that makes use of autobiographical narratives as devices for the (re) organization of representations about oneself, also making what a person says reverberate. deaf about their private memories and about their daily experiences, in the exercise of showing unique ways of understanding and experiencing deafness from other sensorialities.