Docência, currículo e negritude: caminhos (re)existentes de afeto e dissidência na prática alfabetizadora

Série-Estudos

Endereço:
Avenida Tamandaré, n. 6000 - Bairro Jardim Seminário
Campo Grande / MS
79117-900
Site: https://www.serie-estudos.ucdb.br/serie-estudos
Telefone: (67) 3312-3598
ISSN: 2318-1982
Editor Chefe: José Licínio Backes
Início Publicação: 12/06/1994
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

Docência, currículo e negritude: caminhos (re)existentes de afeto e dissidência na prática alfabetizadora

Ano: 2024 | Volume: 29 | Número: 65
Autores: P. B. S. Batista, B. D´C. R. O. Ribeiro, A. P. C. Cavalcanti
Autor Correspondente: P. B. S. Batista | [email protected]

Palavras-chave: currículo afrocentrado, alfabetização, (re)existência.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O currículo, compreendido como um território e lócus de disputa de poder, configura-se como uma instância colonizada e colonizadora ao evidenciar e legitimar saberes e práticas arraigados em padrões hegemônicos opressores assentados em bases brancocêntricas. Buscando (re)construir uma outra lógica diante desse cenário, a escola, ao optar por caminhos de resistência, configura-se como um espaço de reconhecimento e valorização da diversidade por meio de interpelações pedagógicas, éticas e políticas dissidentes. Este artigo apresenta, por meio de cartas (auto)narrativas, reflexões sobre as práticas curriculares afrocentradas nos anos iniciais do ensino fundamental. A experiência de docentes negras de uma escola federal de educação básica tem evidenciado, por meio das ações vinculadas ao projeto de ensino e pesquisa Áfricas e Eu, a abertura de frestas curriculares para a valorização e emancipação da negritude, rompendo com a lógica da coisificação(Césaire, 2020) dos corpos e dos saberes africanos e afro-brasileiros. Concluímos que evidenciar o protagonismo e a potência negra nas práticas de leitura, escrita e oralidade junto a crianças em processo de alfabetização é um ato de (re)existir diante das estruturas e padrões de poder desumanizadores. Assim, caminhos são abertos para que vozes outras ecoem e constituam narrativas de emancipação das diferentes formas de existir no mundo, tendo como matriz primeira a humanização a partir de um currículo afrocentrado e afetuoso.



Resumo Inglês:

The curriculum, understood as a territory and locus of power disputes, is configured as a colonized and colonizing instance by highlighting and legitimizing knowledge and practices rooted in oppressive hegemonic patterns based on white-centric foundations. Seeking to (re)construct another logic in the face of this scenario, the school, by opting for paths of resistance, configures itself as a space for recognizing and valuing diversity through dissident pedagogical, ethical and political interpellations. Through (self)narrative letters, this article presents reflections on Afrocentric curricular practices in the early years of elementary school. The experience of black teachers at a federal basic education school has shown, through actions linked to the Africas and Meteaching and research project, the opening of curricular gaps for the valorization and emancipation of blackness, breaking with the logic of the objectification (Césaire, 2020) of African and Afro-Brazilian bodies and knowledge. We conclude that highlighting black protagonism and power in reading, writing and orality practices with children in the literacy process is an act of (re)existing in the face of dehumanizing power structures and patterns. Thus, paths are opened for other voices to echo and constitute narratives of emancipation of the different ways of existing in the world, with humanization as the primary matrix, based on an Afrocentric and affectionate curriculum.



Resumo Espanhol:

El currículo, entendido como territorio y locus de disputas de poder, se configura como instancia colonizada y colonizadora al destacar y legitimar saberes y prácticas arraigados en patrones hegemónicos opresivos basados en fundamentos blanco-céntricos. Buscando (re)construir otra lógica frente a este escenario, la escuela, al optar por caminos de resistencia, se configura como un espacio de reconocimiento y valoración de la diversidad a través de interpelaciones pedagógicas, éticas y políticas disidentes. A través de cartas (auto)narrativas, este artículo presenta reflexiones sobre las prácticas curriculares afrocentradas en los primeros años de la escuela primaria. La experiencia de profesores negros en una escuela primaria federal ha mostrado, a través de acciones vinculadas al proyecto de enseñanza e investigación Áfricas y Yo, la apertura de brechas curriculares para la valorización y emancipación de la negritud, rompiendo con la lógica de la objetivación (Césaire, 2020) de los cuerpos y saberes africanos y afrobrasileños. Concluimos que resaltar el protagonismo y el poder negro en las prácticas de lectura, escritura y oralidad con los niños en el proceso de alfabetización es un acto de (re)existencia frente a estructuras y patrones de poder deshumanizantes. De esta forma, se abren caminos para que otras voces se hagan eco y constituyan narrativas de emancipación de las diferentes formas de existir en el mundo, con la humanización como matriz primordial, a partir de un currículo afrocéntrico y afectivo.