DO PODER DESMISTIFICADOR DA NARRATIVA BIOGRÁFICA: O EMPREENDEDORISMO FEMININO PARA ALÉM DA RETÓRICA

Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo

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ISSN: 2448-2889
Editor Chefe: Fernando Antonio Prado Gimenez
Início Publicação: 30/04/2016
Periodicidade: Bimestral
Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

DO PODER DESMISTIFICADOR DA NARRATIVA BIOGRÁFICA: O EMPREENDEDORISMO FEMININO PARA ALÉM DA RETÓRICA

Ano: 2019 | Volume: 4 | Número: Especial
Autores: C. Nogueira
Autor Correspondente: C. Nogueira | [email protected]

Palavras-chave: empreendedorismo feminino, desigualdades de género, narrativa biográfica, análise qualitativa de dados

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A prática comum de análise qualitativa de dados – baseada num trabalho comparado de entrevistas – tende a produzir uma desintegração das narrativas, conduzindo, não raras vezes, a um obscurecimento da riqueza interpretativa inerente à biografia individual. Com a dissolução dessa singularidade, acaba por se perder a oportunidade de captar elementos explicativos diferenciadores, passíveis de nos conduzir a um nível superior de entendimento dos fenómenos sociais. É neste sentido que o presente artigo – respeitante à realidade portuguesa – toma por objetivo a análise do potencial emancipatório do empreendedorismo feminino à luz de uma narrativa biográfica: a narrativa de Noémia, uma mulher que “ousa” tornar-se empresária, adentrando-se numa atividade tradicionalmente tida como masculina. Mergulhar na totalidade da narrativa de Noémia permite-nos compreender de forma ampla e profunda o significado e a racionalidade inerentes à sua ação empreendedora, indo além daquilo que, superficialmente, pode parecer irracional ou paradoxal. Conduz-nos, ademais, à desmistificação de uma certa visão linear e retórica que tende a reconhecer no empreendedorismo um veículo virtuoso de emancipação feminina e no Estado Social o seu grande promotor. Não se negando esse potencial, conclui-se, no entanto, que a construção da emancipação feminina por essa via se encontra profundamente condicionada por uma estrutura social ainda muito marcada pelas desigualdades de género, assim como pela debilidade e ineficácia dos programas estatais que incentivam esse processo emancipatório.