Dilemas da ação coletiva: um olhar sociológico para as tensões da experiência

Barbarói

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ISSN: 1982-2022
Editor Chefe: Marco Andre Cadoná
Início Publicação: 30/06/2008
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Ciência política, Área de Estudo: Filosofia, Área de Estudo: Psicologia, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Multidisciplinar

Dilemas da ação coletiva: um olhar sociológico para as tensões da experiência

Ano: 2015 | Volume: 1 | Número: 43
Autores: M. M. Pereira, T. S. P. Cruz
Autor Correspondente: M. M. Pereira | [email protected]

Palavras-chave: dilemas, movimentos sociais, lógicas de ação

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O campo de estudos da ação coletiva, sobretudo, ao longo das décadas de 1970 e 1980, foi marcado por intensas disputas entre, por um lado, abordagens que enfatizavam a ação “instrumental” dos movimentos sociais em busca pelos recursos escassos controlados pelo Estado e, por outro lado, perspectivas que enfatizavam a ação “ideológica” desses atores em sua busca pela criação de novas percepções culturais que fomentassem sua autonomia frente às demandas do mercado e da tradição. Desde então, podem ser observados esforços de síntese que procuram vincular essas dimensões da ação coletiva. Essas novas perspectivas se caracterizam pela desconstrução de dicotomias e pela afirmação de que diferentes tipos de racionalidades e motivações estão sempre presentes na ação social, destacando que as interações entre Estado e movimentos sociais não implicam, necessariamente, uma perda de autonomia dos atores coletivos contestatórios. No âmbito deste artigo, postula-se que, se esse projeto sintético permite um afastamento em relação às premissas normativas sobre “o que é a política”, é necessário que o arsenal conceitual disponibilizado possibilite a compreensão de que essa é uma questão que está, cotidianamente, em disputa entre atores coletivos contestatórios. Defende-se que a contribuição teórica de François Dubet fornece fundamentos contundentes para a construção de um modelo apropriado para essa tarefa. A partir dessas reflexões, é proposto um deslocamento na abordagem sociológica da ação coletiva, abandonando a tarefa de resolução teórica dos dilemas que são, de fato, empíricos, em direção a uma postura compreensiva sobre o modo como essas tensões são resolvidas pelos atores efetivamente envolvidos em ações coletivas contestatórias.



Resumo Inglês:

The collective action study field, especially, during the decades of 1970 and 1980, was marked by intense disputes between, at the one hand, approaches that emphasized the “instrumental” action of social movements aiming the scarce resources controlled by the State and, at the other, approaches that emphasized the “ideological” action of these actors aiming the creation of new cultural perceptions that could promote their autonomy in relation to the requests of the market and of the tradition. Since this period, synthetic efforts that aim to connect both of these collective action dimensions can be observed. These new perspectives can be characterized by the deconstruction of dichotomies and by the affirmation that different rationalities and motivations are always present in social action, highlighting that interactions between State and social movements do not imply, necessarily, in an autonomy loss for contentious collective actors. In this article, it is theoretically postulated that, if this synthetic project enables a withdrawal from normative assumptions about “what is politics”, it is necessary that the designed conceptual tools make possible the comprehension that this is a question that is, in a daily basis, put in dispute among contentious collective actors. It is proposed that the theoretical framework developed by the sociologist François Dubet provides important reflections for the construction of an appropriate model for this task. Through these reflections, it is proposed a displacement of the sociological approach for collective action, abandoning the task of theoretical resolution of dilemmas that are, essentially, empirical, towards a comprehensive stance about how these tensions are solved by actors that are actually involved in contentious collective actions.



Resumo Espanhol:

El campo de estudio de la acción colectiva, principalmente durante las décadas de 1970 y 1980 se caracterizó por intensas disputas entre, por una parte, los enfoques que resaltaban la acción "instrumental" de los movimientos sociales en la búsqueda de los escasos recursos controlados por el Estado y, por otra parte, las perspectivas que hacían hincapié de la acción "ideológica" de estos actores en su objetivo de crear nuevas percepciones culturales que fomentaran su autonomía frente a las demandas del mercado y de la tradición. Desde entonces, se puede observar los esfuerzos de síntesis que tratan de vincular estas dimensiones de la acción colectiva. Estas nuevas perspectivas se caracterizan por deconstruir dicotomías y por la afirmación de que los diferentes tipos de racionalidades y motivaciones están siempre presentes en la acción social, y por señalar que las interacciones entre los movimientos estatales y sociales no implican necesariamente una pérdida de autonomía de los actores colectivos contestadores. En el ámbito de este artículo, se postula que si este diseño sintético permite una desviación de los supuestos normativos sobre "¿qué es la política?", es necesario que el arsenal conceptual disponible permita la comprensión de que este es un tema que está diariamente en disputa entre los diferentes actores colectivos contestatarios. Se argumenta que la contribución teórica de François Dubet ofrece una fuerte fundamentación para la construcción de un modelo apropiado para esta tarea. A partir de estas consideraciones, se propone un dislocamiento en el enfoque sociológico de la acción colectiva, abandonando la tarea de resolución teórica de los dilemas que son, de hecho, empíricos, hacia un enfoque comprensivo sobre cómo estas tensiones son resueltos por los actores involucrados de manera efectiva en acciones colectivas contestatorias.