Neste artigo, estabelecemos relações entre o emprego de viÌrgula em textos de alunos concluintes do Ensino Fundamental e a organização prosoÌdica do PortugueÌ‚s Brasileiro. Por meio da anaÌlise realizada, mostramos que, embora a convenção para o uso da viÌrgula seja prioritariamente de base sintaÌtica, os usos encontrados apresentam regularidades prosoÌdicas que, ao mesmo tempo, organizam a segmentação do enunciado e contribuem para a constituição dos sentidos dos textos. Do ponto de vista teoÌrico, defendemos, por um lado, que a prosoÌdia atua como estrutura significante na escrita e, desse modo, não eÌ particularidade da fala e, por outro, que os usos de viÌrgula, ao marcar a estruturação prosoÌdica da liÌngua na escrita, faz remissão, por meio de um processo simboÌlico, ao modo como os fenoÌ‚menos prosoÌdicos produzem sentidos em diferentes enunciados no interior de praÌticas de oralidade. Como desdobramento da discussão teoÌrica, propomos que, na praÌtica didaÌtica, enfrentar a complexidade do emprego da viÌrgula poderia ser mais produtivo para o ensino do que consideraÌ-lo em sua suposta homogeneidade sintaÌtica.
In this paper, we establish relations between the uses of comma in texts written by students from the year of Middle School and the prosodic organization of Brazilian Portuguese. Even though commas usage convention is primarily syntax-based, we argue that the uses of commas in texts have prosodic regularities that, simultaneously, organize the segmentation of utterances and contribute to the constitution of sense in texts. On the one hand, we argue that prosody is a signifying structure in writing and, thus, it is not a particularity of speech. On the other hand, we defend that the uses of commas, by establishing the prosodic structure of language in writing, do reference, by a symbolic process, the way prosodic phenomena produce sense in different utterances within oral practices. As a possible application of the theoretical discussion, we propose to recognize the complexity of commas usage as a more interesting practice at school than considering its so-called syntactic homogeneity.