O presente artigo pretende discutir as consequências da apropriação do idealismo feita por Kant, revestindo-o com o caráter transcendental. Depois de examinar as posições de Allison e Strawson a respeito da realidade da coisa-em-si, defendemos que o idealismo, transformado pela sua versão transcendental, deixa de ser um instrumento da filosofia cética ou racionalista (segundo a qual a realidade exterior ou não existe, ou só existe para uma intuição de Deus), para ser o instrumento de uma interpretação não dogmática da filosofia, onde a questão metafÃsica fundamental não é mais vista como solucionável e decidÃvel, mas como o centro de uma controvérsia reincidente e recorrente, presente no âmago da própria experiência humana.
This article discusses the consequences of Kant’s appropriation of idealism, characterizing it transcendentally. It defends that idealism, in its transcendental form, ceases to function as an instrument of philosophical skepticism or rationalism (under which external reality either does not exist or exists only as an intuition of God), and instead functions as an instrument of a non-dogmatic philosophical interpretation. Under this non-dogmatic interpretation, the fundamental metaphysical question is no longer seen as solvable nor decidable, but as a center of an obstinate and recurrent controversy present in the essence of human experience.
