INTRODUÇÃO: A massa magra corporal (muscularesquelética) está associada à força muscular do indivíduo, enquanto o aumento do tecido adiposo pode levar a morbidades cardiovasculares. A avaliação do estado nutricional em crianças e adolescentes, na fibrose cística (FC), deve ser feita pelo índice de massa corporal para idade (IMC/I), sendo valores mais elevados associados a melhor prognóstico da doença.
OBJETIVO: Descrever o perfil nutricional, com base no IMC/I e na composição corporal, de crianças e adolescentes com FC atendidos em um centro de referência.
METODOLOGIA: Estudo descritivo dos menores de 18 anos, com confirmação diagnóstica de FC, atendidos em um centro de referência em 2022, respeitando a norma 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O estado nutricional foi avaliado com base nos resultados do último exame de bioimpedância elétrica tetrapolar registrado em prontuário no ano de 2022, considerando ao percentual de massa magra (%MM) e de gordura (%MG) de acordo com sexo, idade e altura. O teste é realizado nas consultas regulares em todos os pacientes a partir de 3 anos, desde que sejam seguidas as recomendações pré-teste e que a criança consiga assumir a postura exigida durante os exames. Foi realizada uma análise descritiva foi utilizada e o teste qui-quadrado para comparação da composição corporal entre os sexos e categorias de IMC/I.
RESULTADOS: Todos os pacientes elegíveis, tinham ao menos um registro do exame no prontuário e foram inseridos no estudo (n=57), sendo 50,9% do sexo feminino. Em relação ao IMC/I observou-se média e mediana de 16 kg/m2 (12,5 – 26,3 kg/m2). A maioria apresentava IMC/I adequado (77,2%), enquanto 10,5% estavam abaixo do recomendado para a idade. Quanto à composição corporal, 64,9% e 63,2% apresentaram %MG e %MM normais para idade, respectivamente. 21,1% apresentaram %MG acima e, 33,3%, %MM abaixo do recomendado para idade. Além disso, dos indivíduos com %MM abaixo do recomendado, 26,3% apresentavam %MG elevado. E dos que apresentavam %MM elevada, nenhum apresentou %MG aumentada, apesar de 50% ter apresentado o IMC/I elevado. Na comparação entre as médias, não foi observada diferença estatisticamente significante entre os sexos e o %MG ou %MM. Entretanto, houve diferença entre as categorias de IMC tanto para %MG (p = 0,003) quanto para %MM (p = 0,016).
CONCLUSÃO: O IMC/I normal não prediz estado nutricional esteja adequado em fibrose cística, bem como, o IMC/I acima do recomendado pode estar relacionado ao aumento de massa magra e não exclusivamente excesso de gordura. Portanto, apesar do IMC/I ser um índice amplamente utilizado, na fibrose cística o estudo da composição corporal é imprescindível para avaliação do estado nutricional e estabelecimento de conduta dietoterápica.