A prática fotográfica do artista lusobrasileiro Fernando Lemos é breve (1949-1952), mas muito densa e inovadora no panorama português. As evidências surrealistas presentes nas imagens — encenação, fragmentação, epifania do objeto, encontro fortuito de elementos, visões enigmáticas — subvertem a ordem do real, introduzindo na fotografia portuguesa as problemá- ticas do inconsciente, do onÃrico e do recalcado. Atentar para essa poética da estranheza é o propósito deste texto.
Albeit brief (1949-1952), Fernando Lemos’ photographic activity is very intense and innovative in the Portuguese scene. Surrealistic traits in his images — mise-enscène, fragmentation, epiphany of the object, casual finding of elements, enigmatic visions — upset the real and introduce into Portuguese photography topics such as unconscious, onirism and repression.