A velhice como competência de efetivação de ações moralmente questionadas Situações em supermercados no Rio de Janeiro
Revista Brasileira De Sociologia Da Emoção
A velhice como competência de efetivação de ações moralmente questionadas Situações em supermercados no Rio de Janeiro
Autor Correspondente: A. Werneck | [email protected]
Palavras-chave: sociologia da moral, desculpa, velhice, efetivação
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
O objetivo deste artigo é descrever como uma condição
tradicionalmente apresentada como definidora de identidade, a
velhice, pode ser pensada como um dispositivo moral, mobilizado
pelos atores para efetivar ações que sejam questionadas moralmente.
Nessa descrição, a velhice é entendida como uma desculpa, ou seja,
um deslocamento da gramática de efetivação das ações do plano
universalista da regra moral, para o plano circunstancialista das
situações localizadas. Para tanto, é feita uma etnografia em dois
supermercados de dois bairros de grande população idosa do Rio de
Janeiro, lojas em que a competição pelo espaço produz constantes
polêmicas morais e em que a velhice é constantemente mobilizada
como account, como desculpa para ações descorteses praticadas
pelos idosos. Esses atores, então, em vez de serem lidos
emocionalmente como sofredores por sua condição, são entendidos
como agentes competentes, capazes de usar sua condição como
circunstância que atravessa as situações cotidianas, alterando-as o
suficiente para tornar efetivas as descortesias.
Resumo Inglês:
The aim of this paper is to describe how the old age -
a condition traditionally presented as responsible for defining an
identity - can be thought of as a moral device employed to make
effective actions that are morally put into question. According to this
description, the old age is understood as an excuse, or a shift in the
grammar of action effectiveness, from the universalist plan of the
moral rule to the circumstantial plan of located situations. We do
that by mean of an ethnographic research in two supermarkets in two
neighborhoods of large elderly population of Rio de Janeiro, places
where the competition for space produces constant moral
controversies and where age is constantly called on as an account, as
an excuse for actions considered rude. These actors, instead of being
emotionally viewed as suffering people because of their condition,
are seen as competent agents, able to use their status as a
circumstance that pervade everyday life, changing situations to the
point of legitimate their unkind behavior.
