Uma poética do silêncio: trauma, representação e linguagem em "Fuga da morte", de Paul Celan

Anuário De Literatura

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Pós-Graduação em Literatura - Centro de Comunicação e Expressão - Campus Universitário - Trindade - Florianópolis
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ISSN: 21757917
Editor Chefe: NULL
Início Publicação: 30/11/1993
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

Uma poética do silêncio: trauma, representação e linguagem em "Fuga da morte", de Paul Celan

Ano: 2014 | Volume: 19 | Número: 2
Autores: Maria Esther Torinho
Autor Correspondente: Anuário De Literatura | [email protected]

Palavras-chave: paul celan, fuga da morte, testemunho, representação, polifonia

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Resumo Português:

No poema Fuga da morte, Paul Celan nos apresenta situações vivenciadas por ele mesmo em um campo de concentração nazista, o que insere o poema no contexto da Literatura de testemunho; trata-se de um poema imbuído de alta carga dramática, no qual conteúdo e forma aliam-se para oferecer uma leitura densa, carregada de significado. Pode-se perceber, no poema, que o silêncio comanda a cena, exprimindo, por meio das diversas lacunas deixadas por uma linguagem fragmentada, aquilo que é difícil para o poeta exprimir, o que é indizível, o que leva o leitor a um sentimento de estranheza, apossando-se da significação apenas por etapas e por entre as lacunas. Este artigo aborda o poema a partir de conceitos relativos à Literatura de testemunho e a impossibilidade de representar o real (Roland Barthes); no plano formal, além de conceitos de Mikhail Bakhtin e de Barros e Fiorin sobre polifonia, dialogismo e interdiscursividade; além disso, partindo do conceito musical de fuga, conforme sugerido pelo título do poema e evidenciado no texto, é abordada a linguagem figurada – metáforas e metonímias, ironia e elipses, como estratégias do autor para enfrentar a aporia entre trauma e representação, tendo-se assim, uma poética do silêncio, nos quais as elipses e as metáforas adquirem papel fundamental.