Transcendência e imanência na fenomenologia de Husserl

Estudos De Religião

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ISSN: 0103801X
Editor Chefe: Etienne Higuet
Início Publicação: 28/02/1985
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Teologia

Transcendência e imanência na fenomenologia de Husserl

Ano: 2013 | Volume: 27 | Número: 1
Autores: E. Cavalieri
Autor Correspondente: E. Cavalieri | [email protected]

Palavras-chave: transcendência, imanência, teleologia, subjetividade transcendental

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Iniciando em A ideia da fenomenologia (HUSSERL, 1986), pretende-se investigar um
caminho fecundo para a filosofia, superando a ideia moderna que concebia a consciência
como um recipiente fechado em si mesmo; com isso, o campo da investigação
filosófica restringia-se apenas ao que é realmente imanente à consciência; a fenomenologia
transcendental abre a reflexão para o chamado “enigma da transcendência”. Em
Ideias, Husserl apresenta o conceito de transcendência circunscrito à exigência de uma
“meditação fenomenológica fundamental”. A ideia de transcendência não se separa da
“percepção”, pois não há um objeto que não seja objeto para uma consciência (intencionalidade).
Não se trata de uma proposição abstrata. Apresenta-se como conteúdo
atual e próprio da percepção. Em A ideia da fenomenologia ele se refere a este conceito
como um “enigma”, pois “no ato de ver o fenômeno puro, o objeto não está fora do
conhecimento, fora da consciência e, ao mesmo tempo, está dado no sentido da absoluta
autoapresentação de algo puramente intuído” (HUSSERL, 1986, p. 69). Isso nos
leva a compreender os tipos de transcendência descritos em Ideias para uma fenomenologia
pura e para uma filosofia fenomenológica (HUSSERL, 2006) (homem, mundo e Deus) como
uma ordem teleológica expressa e presente no mundo empírico, no desenvolvimento
dos organismos, da cultura e da humanidade como um todo. No contexto da filosofia
da religião e a partir da obra Die Krisis, a ideia de Deus (transcendência) apresenta-se
como justificação última a partir da tendência ao aperfeiçoamento e à realização de
fins morais presentes na teleologia como uma espécie de forma originária (Ur-Form)
e intuída pela subjetividade transcendental. Com isso, conclui-se que a experiência de
transcendência é um componente essencial das ações humanas, entre elas a experiência
religiosa. É nosso objetivo metodológico fazer retroceder a reflexão fenomenológica para o campo da experiência vivida (Erlebnis) que se funda na não discursividade do mundo
da vida (Lebenswelt). Desta forma, espera-se ampliar o horizonte da experiência religiosa.



Resumo Inglês:

Based on The idea of Phenomenology, we intend to investigate a path to philosophy overcoming
the modern idea that conceives consciousness as a closed container within itself; as
such, the field of philosophical inquiry was confined to what is really immanent to
consciousness. The transcendental phenomenology opens the reflection to the so-called
“enigma of transcendence”, considered by Husserl as an “enigmatic concept” worthy of
a “fundamental phenomenological meditation.” Husserl understands the three described
types of transcendence –man, world and God– as an expressed teleological order present
in the empirical world, in the development of organisms, culture, and humanity
as a whole. From the work Die Krisis, the idea of God (transcendence) is presented as
the ultimate justification from the tendency to improvement and realization of moral
ends present in teleology as a kind of original form, intuited by transcendental subjectivity.
Based on this we conclude that the experience of transcendence is an essential
component of human actions, among which is the religious experience. For a better
understanding of this issue, the phenomenological reflection should go back to the field
of experience which is based on the non-discursive world of life. Thus, it is expected to
expand the horizon of the understanding of religious experience.



Resumo Espanhol:

Se pretende investigar un camino hacia la filosofía que supere la idea moderna que
concebía la conciencia como un recipiente cerrado en sí mismo; por tanto, el campo
de la investigación filosófica se restringía solo a lo que es realmente inmanente a la
conciencia. La fenomenología trascendental abre la reflexión a lo que se llama “enigma
de la trascendencia”, considerado por Husserl como concepto “enigmático” digno de
“meditación fenomenológica fundamental”. Husserl comprende los tres tipos de trascendencia
descriptos – hombre, mundo y Dios – como un orden teológico expreso y
presente en el mundo empírico, en el desarrollo de los organismos, de la cultura y de la
humanidad en conjunto. A partir de la obra Die Krisis, la idea de Dios (trascendencia) se
presenta como última justificación a partir de la tendencia al perfeccionamiento y a la
realización de fines morales presentes en la teología como una especie de forma original
e intuida por la subjetividad trascendental. Por lo tanto, se concluye que la experiencia
de trascendencia es un componente esencial de las acciones humanas, entre ellas la experiencia
religiosa. Para comprender mejor este tema, la reflexión fenomenológica debe
retroceder hacia el campo de la experiencia vivida que se basa en la no discursividad
del mundo de la vida. De esta forma, se espera ampliar el horizonte comprensivo de
la experiencia religiosa.