As timbila de Moçambique no concerto das nações

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ISSN: 1413-3024
Editor Chefe: Leandro Pereira Gonçalves
Início Publicação: 01/01/1995
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

As timbila de Moçambique no concerto das nações

Ano: 2020 | Volume: 26 | Número: 2
Autores: Sara Morais
Autor Correspondente: Sara Morais | [email protected]

Palavras-chave: Timbila, Moçambique, Patrimônio cultural imaterial, Unesco

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo discute aspectos do processo de patrimonialização das “timbila chopes” de Moçambique que culminou com sua proclamação pelo Programa das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco em 2005. Inspirada em análises sobre processos de objetificação e redução semântica implicados no reconhecimento oficial de expressões como patrimônio cultural, abordo elementos da trajetória histórica e social das timbila para compreender seu lugar no imaginário nacional e sua escolha como o primeiro bem cultural imaterial em Moçambique consagrado em arenas internacionais. Enfatizei no decorrer do texto diversos elementos que localizam esse país africano no âmbito das suas relações internacionais; por um lado, discuto algumas das dinâmicas perpetuadas pelo colonialismo, as quais possibilitaram a divulgação das timbila para além do território colonizado e, por outro, reflito sobre a relação de Moçambique com a Unesco, à luz da história política do país e de sua recepção em relação a certos critérios e entendimentos desse organismo internacional no que tange ao patrimônio imaterial. Por fim, destaco as interpretações dadas pelo Estado moçambicano aos ideais de participação social da Unesco e mostro como o dossiê produzido pelo governo moçambicano utilizou o critério de autenticidade em voga naquele momento para descrever e justificar a escolha das timbila.

Resumo Inglês:

This article discusses aspects of the Mozambique's “chopi timbila” patrimonializationprocess that culminated in its proclamation by the Unesco's Intangible Heritage Masterpieces Program in 2005. Inspired by analyzes of objectification and semantic reduction processes involved in the official recognition of expressions as cultural heritage, I approach elements of the timbila's historical and social trajectory to understand its role in the national imagination and its choice as the first intangible cultural element in Mozambique which was enshrined in international arenas. I emphasized all along the text several elements that locate this African country within the scope of its international relations; on the one hand, I discuss some of the dynamics perpetuated by colonialism, which enabled the dissemination of timbilabeyond the colonized territory and, on the other hand, I reflect on Mozambique's relationship with Unesco, in light of the country's political history and its reception in relation to certain criteria and understandings of this international organization with regard to intangibleheritage. Finally, I highlight the interpretations given by the Mozambican State to Unesco's ideals of social participation and show how the dossier produced by the Mozambican government used the criterion of authenticity in vogue at that time to describeand justify the choice of timbila.

Resumo Espanhol:

Este artículo discute aspectos del proceso de patrimonialización de las “timbila chopes” de Mozambique, el cual culminó en su proclamación como obra maestra en el 2005 por el Programa de las Obras Maestras del Patrimonio Oral e Inmaterial de la Humanidad de la Unesco. Inspirada por las discusiones sobre los procesos de objetificación y reducción semántica implicados en el reconocimiento oficial de expresiones tales como patrimonio cultural, abordo elementos de la trayectoria sociohistórica de las timbila buscando comprender su lugar en el imaginario nacional, así como su elección como primer bien cultural inmaterial de Mozambique reconocido en arenas internacionales. En el curso del texto, enfaticé varios elementos que ubican a este país africano en el ámbito de sus relaciones internacionales; por un lado, analizo algunas de las dinámicas perpetuadas por el colonialismo, que permitieron la difusión de las timbilamás allá del territorio colonizado y, por otro lado, reflexiono sobre la relación de Mozambique con la Unesco, a la luz de la historia política del país y su recepción en relación con ciertos criterios y entendimientos de este organismo internacional con respecto al patrimonio inmaterial. Finalmente, destaco las interpretaciones dadas por el Estado Mozambiqueño a los ideales de participación social de la Unesco, mostrando también cómo el dosier producido por el gobierno mozambiqueño utilizó el criterio de autenticidad, entonces en vigencia, para describir y justificar la elección de las timbila.