Sobre obstrução intestinal, ingá e o espírito do veado: algumas reflexões sobre a relação interétnica entre indígenas e profissionais do Projeto Xingu

Revista Equatorial

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ISSN: 2446-5674
Editor Chefe: Angela Facundo Navia
Início Publicação: 31/07/2013
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

Sobre obstrução intestinal, ingá e o espírito do veado: algumas reflexões sobre a relação interétnica entre indígenas e profissionais do Projeto Xingu

Ano: 2017 | Volume: 4 | Número: 7
Autores: Karine Assumpção
Autor Correspondente: Karine Assumpção | [email protected]

Palavras-chave: Relação de cura, Projeto Xingu, Saúde Indígena

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste trabalho, convido-os a refletir sobre as relações de cura em saúde indígena a partir do relato do Dr. Douglas Rodrigues, médico que trabalha há quase quatro décadas com populações indígenas. Com base em sua narração de um trabalho terapêutico, realizado paralelamente a um pajé xinguano, abordar-se-á o limiar entre salvar vidas e salvar (respeitar) a diversidade cultural. Este relato ocorreu durante minha pesquisa de mestrado junto ao Projeto Xingu, um programa de extensão do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (Universidade Federal de São Paulo), existente desde 1965 e presente prioritariamente na Terra Indígena Xingu (região centro-oeste do Brasil). Com base nos ensinamentos tirados de experiências como a narrada por Douglas, foi possível notar que os profissionais há mais tempo no Projeto transitam de um a outro lado dessa limiaridade através do conceito ampliado de saúde e de bem-estar (cultural), compartilhando códigos que os ajudam a controlar equívocos e negociar curas. Pelo Projeto Xingu ser pioneiro na realização de ações e formações em saúde indígena no Brasil, colaborando com a criação do Subsistema de Saúde Indígena brasileiro de 1999, e por seu caráter permanente e engajado, insta refletir sobre as experiências e aprendizados acumulados por esse grupo. Essa reflexão contribui para o debate sobre as possibilidades e limites do compartilhamento da cura e para reforçar olhares mais matizados sobre os profissionais da saúde que atuam nestes contextos.