Sobre a excomunhão de Lutero e sua possível revogação
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Sobre a excomunhão de Lutero e sua possível revogação
Autor Correspondente: Rudolf von Sinner | [email protected]
Palavras-chave: Martim Lutero, excomunhão, Reforma protestante, ecumenismo, Declaração conjunta sobre a doutrina da justificação
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Resumo Português:
No contexto da comemoração dos 500 anos da Reforma protestante, surge a questão se não seria um gesto generoso, ecumênico e adequado ao avanço do conhecimento histórico e teológico reabilitar, eclesiasticamente, o reformador Martim Lutero ao revogar a excomunhão proferida, em 1521, pelo papa Leão X. A convivência e cooperação ecumênicas cresceram. Foi firmada, em 1999, a Declaração conjunta sobre a doutrina da justificação, fazendo constar existir um “consenso em verdades básicas”. Apesar disto, ainda paira o rótulo de herética sobre a Igreja luterana a partir da excomunhão de seu teólogo de referência. A pesquisa recente, especialmente católica, sobre Lutero e seu tempo mostrou que aspectos fundamentais de sua teologia estavam de acordo não apenas com o Evangelho, mas também com boa teologia católica. O debate acadêmico e eclesiástico previsto por Lutero em seu tempo nunca ocorreu. Em vez disto, além de implicações políticas, econômicas e sociais, houve um, naquele tempo, irremediável choque de posições resultando em mútua excomunhão – uma jurídica, outra simbólica. De um lado, a autoridade do magistério que não admitia ser desafiado por argumentos racionais baseados na Escritura, por outro, o intérprete crente da Escritura que não admitia outra autoridade do que justamente a baseada em tais argumentos. O artigo argumenta que há boas razões para sair deste entrave e promover o necessário debate que não ocorreu.
Resumo Inglês:
In the context of commemorating the 500 years of the Protestant Reformation, the question arises whether it would not be generous, ecumenical and, given the progress of historical and theological knowledge, adequate to rehabilitate, ecclesiastically, the reformer Martin Luther by revoking the excommunication proffered, in 1521, by Pope Leo X. Ecumenical conviviality and co-operation have grown. In 1999, the Joint declaration on the doctrine of justification was signed, stating the existence of a “consensus in basic truths”. Despite this progress, the air of heresy still surrounds the Lutheran church from the excommunication of its theologian of reference. Recent research, especially Catholic, on Luther and his time has shown that fundamental aspects of his theology not only were in accordance with the Gospel, but also with good Catholic theology. The academic and ecclesiastical debate envisaged by Luther in his time never occurred. Rather, beyond political, economic and social implications, there was, then, an unresolvable clash of positions resulting in mutual excommunication – one legal, the other symbolic. On the one hand, the magisterium‟s authority which did not admit to be challenged by rational argument based on Scripture; on the other, the faith-driven interpreter of Scripture who did not admit any other authority than precisely the one based on such arguments. The article argues that there are good reasons to leave this stalemate behind and promote the necessary debate that had not been realized.
