Silenciamento, visibilidade controlada ou representatividade? Que “negro” é esse em Guilhermina e Candelário?

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ISSN: 1807-8583
Editor Chefe: Basílio Sartor / Suely Fragoso
Início Publicação: 31/12/1996
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Comunicação

Silenciamento, visibilidade controlada ou representatividade? Que “negro” é esse em Guilhermina e Candelário?

Ano: 2020 | Volume: 0 | Número: 50
Autores: Renata Barreto Malta, Roseli Pereira Nunes Bastos, Cândida Santos de Oliveira
Autor Correspondente: Renata Barreto Malta | [email protected]

Palavras-chave: Representatividade, Raça e etnia, TV aberta brasileira, Guilhermina e Candelário, Significado da narrativa

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O modelo de representação social em voga nos produtos audiovisuais televisivos, em especial naqueles produzidos e veiculados no Brasil, tem suscitado estudos e debates. Apesar da crítica ao padrão hegemônico alicerçado em raça e etnia, caracterizado mais por ausências do que presenças, que historicamente compõe esta suposta representatividade, ainda predomina a invisibilidade que, em alguma medida, tem sido substituída por uma visibilidade controlada. Na contramão desta conjuntura, a animação colombiana “Guilhermina e Candelário”, exibida no Brasil pela TVE / TV Brasil, apresenta uma série de histórias vivenciadas por personagens negros. Considerando sua excepcionalidade na TV aberta brasileira, propomos analisar de que forma aspectos sociais estão ali retratados. Nessa trajetória empírica, focamos na análise dos quatro protagonistas desta animação, na busca dos significados da narrativa, propostos por Bordwell e Thompson (2008). Como resultado, salientamos que a trama, mais do que problematizar questões raciais, naturaliza os personagens de modo que a sua relevância não se baseia no fato de serem negros. Aspectos étnicos são apresentados de forma bastante sutil e não estão no cerne da narrativa. Ademais, observamos uma ruptura da hegemonia no que concerne à estrutura de gênero que alicerça a sociedade, também de forma natural, porém com maior centralidade, ainda que alguns aspectos dos personagens analisados contribuam para a manutenção de padrões culturalmente naturalizados.



Resumo Inglês:

The social representativeness in vogue in audiovisual TV productions, especially in those produced in Brazil, has been elicited studies and debates. Despite the criticism to hegemonic pattern based on race and ethnicity, characterized more by absences than presences, which historically compose this alleged representativeness, it is still predominant the invisibility that, somehow, has been replaced by a controlled visibility. Against this context, the Colombian animation Guilhermina e Candelário, broadcasted in Brazil by TVE/TV Brasil, presents a series of stories experienced by black characters. Considering its exceptionality in Brazilian open TV, we propose to analyze the form social aspects are there portrayed. In this empirical path, we focus on the analysis of the four protagonist of this animation, searching for the narrative meanings, proposed by Bordwell and Thompson (2008). As a result, we highlight that the animation narrative, more than problematize racial issues, naturalizes the characters so that their relevance are not based on the fact that they are black. Ethnic aspects are subtly presented and they are not in the core of the narrative. Furthermore, we observed a hegemonic rupture concerning the gender structure that builds society, also in a natural form, but with more centrality, even if some character aspects contribute to the maintenance of patterns culturally naturalized.