A fotografia humanista de Sebastião Salgado tem gerado tanto polêmica, como admiração. A
mensagem engajada que transmite através de suas imagens em preto e branco sobre a situação
extrema na qual vive uma parte da população mundial impactam pela sua beleza. Alguns o
consideram um fotojornalista com uma forte sensibilidade estética e humanitária. Para outros,
Salgado representa o maior expoente de um movimento que se aventura na procura de uma
estética dentro da miséria. O que resulta inquestionável é que a temática que Salgado desenvolveu
ao longo de seu trabalho foi a de apreciar a condição humana, independentemente do
contexto, lugar, ou tempo. Através de uma técnica fotográfica purista, Salgado parece captar
o que existe de mais essencialmente humano nas pessoas retratadas. A leitura de suas imagens
parece simples, embora nelas estejam amalgamadas uma complexidade de elementos
capazes de outorgar um caráter imaginário às imagens que transcende o aparentemente casual
da fotografia, incrementando assim a profundidade da sua obra. Tornando visÃvel aquilo que
em aparências é invisÃvel: a condição humana. Mas, além de tudo, a obra de Salgado abriu
o debate sobre se é possÃvel uma estética da miséria e quais são as suas implicações para as
questões éticas.