Saída do segundo armário: análise das narrativas autobiográficas de Felipe Mastrandéa

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ISSN: 1807-8583
Editor Chefe: Basílio Sartor / Suely Fragoso
Início Publicação: 31/12/1996
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Comunicação

Saída do segundo armário: análise das narrativas autobiográficas de Felipe Mastrandéa

Ano: 2020 | Volume: 0 | Número: 50
Autores: Robson Evangelista dos Santos Filho, Mariana Ramalho Procópio Xavier
Autor Correspondente: Robson Evangelista dos Santos Filho | [email protected]

Palavras-chave: Videografias, YouTube, Felipe Mastrandéa, Armário, HIV

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

No presente artigo, apresentamos uma discussão sobre visibilização de temáticas da esfera do privado (SENNETT, 1988) e do segredo (SEDGWICK, 1990), por meio da análise de narrativas autobiográficas de Felipe Mastrandéa em seu canal no YouTube, em que o vlogger revela ser soropositivo. A partir dessa análise, objetivamos perceber como se dá a construção dessas videografias de si (COSTA, 2007; 2009), assim como a saída do chamado segundo armário (MISKOLCI, 2012a). Para tanto, recorremos a bibliografias sobre diários contemporâneos na internet e sobre o HIV e, uma vez que esse vírus, assim como outras questões relacionadas ao sexo, é alocado no âmbito do sigilo, principalmente em razão do estigma a ele atribuído historicamente, abordamos temas como público versus privado, exposição de intimidade e regimes de visibilidade, valendo-se das contribuições de Arfuch (2010), Bruno (2013), Sibilia (2003; 2016), Goulemot (2009), Ranum (2009), Foisil (2009), dentre outros autores. Como principais resultados, percebemos que as videografias são marcadas por um imbricamento do público e do privado. Neste caso específico, o domínio pessoal é publicizado com função estratégica, para adquirir visibilidade e manter um status de webcelebridade. No entanto, essa revelação é parcial, uma vez que Felipe Mastrandéa confere mais importância à exposição da identidade homossexual e menos à soropositividade. Além disso, contar que convive com HIV poderia ser utilizado por ele como um posicionamento contra discursos preconceituosos e discriminatórios, entretanto, o vlogger acaba, na contramão, reforçando os estereótipos relativos à promiscuidade e à irresponsabilidade.



Resumo Inglês:

This paper presents a discussion on the elucidation of themes from the realms of private (SENNETT, 1988) and secret (SEDGWICK, 1990) through the analysis of Felipe Mastrandéa's autobiographic narratives on his YouTube channel, in which the vlogger reveals his seropositivity. From this analysis, we aim to notice how the construction of these videographies of selves (COSTA, 2007; 2009) as well as the coming out of the so called second closet (MISKOLCI, 2012a). To this end, we resourced to bibliographies about contemporary journals on the internet and on HIV. Once this virus, as well as other sex-related issues, is located in the field of secrecy, mostly because of its historically attributed stigma, we approached themes such as public versus private, intimacy exposure, and visibility regimes, supported by the contributions of Arfuch (2010), Bruno (2013), Sibilia (2003; 2016), Goulemot (2009), Ranum (2009), Foisil (2009), among other authors. As main results we perceived that the videographies are marked by an imbrication of public and private. In this specific case, the personal dominion is publicized with strategic function, to acquire visibility and to keep a status of web celebrity. Nevertheless, this revelation is partial, once Felipe Mastrandéa gives more importance to the exposure of the homosexual identity and less to the seropositivity. Moreover, his telling he lives with HIV could be used by him as a positioning against prejudicial and discriminatory speeches. However, the vlogger ends up, on the contrary, reinforcing the stereotypes related to promiscuity and to irresponsibility.