Síndrome de pseudo-bartter na fibrose cística: estudo epidemiológico em um centro de referência

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Síndrome de pseudo-bartter na fibrose cística: estudo epidemiológico em um centro de referência

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Andressa Oliveira Peixoto1, Larissa Ferreira Selicani2, Fernando Augusto de Lima Marson3, Daniela de Souza Paiva Borgli1, Andrea de Melo Alexandre Fraga1, Antonio Fernando Ribeiro1, Adyleia Aparecida Dalbo Contrera Toro1, Carla Cristina Souza Gomez1, José Dirceu Ribeiro1
Autor Correspondente: Andressa Oliveira Peixoto | [email protected]

Palavras-chave: distúrbio hidroeletrolítico, síndrome de pseudo-bartter

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: A fibrose cística (FC) está associada com morbidades pulmonares e pancreáticas. Nos primeiros anos de vida, alguns pacientes evoluem com alterações ácido-básicas e eletrolíticas, alcalose metabólica, hipocalemia e hiponatremia conhecidas como Síndrome de Pseudo-Bartter (SPB). A SPB deve ser diagnosticada precocemente, pois esse distúrbio hidroeletrolítico causa desidratação, aumento da viscosidade do muco e maior suscetibilidade a infecções no trato respiratório.

OBJETIVO: Avaliar as características epidemiológicas dos pacientes com FC e SPB em um serviço de referência de um hospital terciário.

METODOLOGIA: Realizou-se um estudo observacional, descritivo de uma série de 34 lactentes com FC e nos últimos 20 anos, de pacientes com FC que tiveram SPB. Em 206 pacientes com FC analisados, 50 evoluíram com distúrbios hidroeletrolíticos e 34 preencheram os critérios de inclusão para SPB. Foram analisados: idade, sexo, peso, altura, índice de massa corpórea, pH, nível sérico de sódio, cloreto e potássio, colonização pulmonar por Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, sazonalidade no momento do diagnóstico da SPB, resposta e o tempo de tratamento. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição : 43787320.1.0000.5404.

RESULTADOS: A prevalência da SPB foi de 16,5%, sendo 64,7 no sexo masculino. A idade do primeiro episódio de SPB foi de 4,2 meses (1,5 a 18 meses). A SPB ocorreu em 16/34 (47%) no verão, 8/34 (23,5%) no inverno, 6/34 (17,6%) na primavera e 4/34 (11,8%) no outono. Houve recorrência em 10/34 (29,4%) pacientes. Antes de evoluir com SPB, 24(70,5%) pacientes estavam colonizados com S. aureus, 12(35,3%) com P. aeruginosa e 11(32,3%) com ambos. Os pacientes apresentaram: desidratação (70,5%), tosse (41,1%), redução de aceitação alimentar (26,4%), hipoatividade (23,5%), vômitos (17,6%), febre e desnutrição (14,7%), um caso de marasmo e diarreia (5,8%). Perda ponderal estava presente em 11,7% e 70,5% dos pacientes com SPB estava abaixo do percentil 3 de peso para idade. Variáveis laboratoriais tiveram como média os valores de: pH=7,5 e em mmol/L: sódio=124,7; potássio=2,9; cloreto=80,9. A terapêutica empregada incluiu hidratação venosa (85,3%), hidratação oral (88,2%), reposição de eletrólitos (79,4%), antibioticoterapia (26,4%) para descolonização ou tratamento de infecção respiratória aguda, oxigenioterapia (17,6%), sendo que 4 pacientes receberam por dispositivos não invasivos (tenda e cateter nasal) e em 2 via ventilação mecânica invasiva. Nenhum paciente foi a óbito por SPB.

CONCLUSÃO: A SPB é uma complicação de alta prevalência em lactentes com FC. Situações de risco incluem: clima quente, infecções pulmonares, perdas via trato gastrointestinal por vômito e/ou diarreia e baixa ingestão de sal.