É sabido que toda produção intelectual medieval tinha como objetivo imprimir no homem o desejo por alcançar Deus, de infundir no seu coração ou na sua alma o “amor ordenado”, de prepará-lo para captar, no cosmo, as marcas inteligíveis de Deus, as quais, uma vez seguidas retamente, o fazem viver feliz aqui na terra e alcançar a “verdadeira felicidade”, na vida eterna. Dentro deste espírito, a arte medieval assume um caráter psico-pedagógico, enquanto artifício ou método de explicitação ou elucidação das verdades ocultas reveladas através das Sagradas Escrituras ou da vida dos santos, pois, sendo o povo, na sua maioria, rude, aquilo que não podiam entender nas Escrituras ou através delas, deveria ser apreendido através das artes. É dentro deste contexto que vamos enquadrar a rica produção intelectual da teatróloga medieval Roswita de Gandersheim.