Ressonâncias de Alberto Caeiro em Manoel de Barros

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Editor Chefe: Kelcilene Grácia-Rodrigues
Início Publicação: 01/08/2005
Periodicidade: Trimestral

Ressonâncias de Alberto Caeiro em Manoel de Barros

Ano: 2018 | Volume: 14 | Número: 26
Autores: Suzel Domini dos Santos
Autor Correspondente: S. D. dos Santos | [email protected]

Palavras-chave: Manoel de Barros, Alberto Caeiro, intertextualidade

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Na poesia de Manoel de Barros, a natureza encarna o lugar do primitivo intocado, despontando como possibilidade de transcendência da realidade convencional. O poeta toma os elementos do Pantanal como matéria de construção, arquitetando um tecido imagético de traços únicos que rompe com a lógica corrente, promovendo uma forte desreferencialização da linguagem. Esse ideal comunga, em alguns pontos, com o projeto materializado em Alberto Caeiro, uma vez que o heterônimo criado por Fernando Pessoa apregoa uma experimentação mais concreta do mundo, para além das limitações estabelecidas pelos sistemas de representação e organização do mundo. A abstração interpõe-se entre o homem e as coisas, dificultando uma relação considerada mais verdadeira. Sendo assim, a poesia de Caeiro tem por princípio desfazer as ligaduras de sentido entre o nome e a coisa, visando atingir a essência ou o ser, que estaria na materialidade dos elementos, e na experiência sensorial. Considerando uma relação dialógica entre os dois poetas, temos como objetivo demarcar as formas pelas quais Manoel de Barros promove uma releitura criativa do universo de linguagem engendrado pelo heterônimo de Pessoa, fazendo da intertextualidade um recurso de elaboração da singularidade.



Resumo Inglês:

In the poetry of Manoel de Barros, nature embodies the place of untouched primitive, emerging as a possibility of transcendence of conventional reality. The poet takes the elements of the Pantanal as a matter of construction, weaving a singular fabric of images that breaks the current logic, promoting a strong redirection of the senses. In some points, this ideal coincides with the project materialized in Alberto Caeiro, because the heteronym created by Fernando Pessoa proclaims a concreter experimentation of the world, beyond the limitations established by the systems of representation and organization of the world. Abstraction interposes itself between man and things, hindering a connection considered truer. Thus, Caeiro's poetry tries to undo the bonds of meaning between the name and the thing, in order to reach the essence or the being, which would be in the materiality of the elements and in the sensorial experience. Considering a dialogical link between both poets, we propose to delimit the forms as Manoel de Barros promotes a creative reading of the poetic universe engendered by Pessoa's heteronym, taking intertextuality as a procedure for the elaboration of singularity.