A repressão policial como choque moral: uma análise de narrativas de manifestantes de junho de 2013

Fórum Lingüístico

Endereço:
Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Lingüística Caixa Postal 476
Florianópolis / SC
88040-900
Site: https://periodicos.ufsc.br/index.php/forum/index
Telefone: (48) 3721-9581
ISSN: 19848412
Editor Chefe: Atilio Butturi Junior
Início Publicação: 31/12/1997
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Linguística

A repressão policial como choque moral: uma análise de narrativas de manifestantes de junho de 2013

Ano: 2017 | Volume: 14 | Número: 3
Autores: Etyelle Pinheiro Araújo, Liana de Andrade Biar, Liliana Cabral Bastos
Autor Correspondente: L. A. Biar | [email protected]

Palavras-chave: Análise de narrativa, Choque moral, Self, Jornadas de junho

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo empreende, em perspectiva microinteracional, uma análise de narrativas (BASTOS; BIAR, 2015) produzidas por manifestantes das chamadas jornadas de junho de 2013. Focalizam-se especificamente os desenvolvimentos de tais manifestações no estado do Rio de Janeiro. A pesquisa é de natureza qualitativa e interpretativista (DENZIN; LINCOLN, 2000), com uma dimensão autoetnográfica (REED-DANAHAY, 2001). Os dados foram gerados em entrevistas abertas com manifestantes presentes em ocupações que marcaram o período. Os resultados identificam a proeminência e a centralidade dos episódios de repressão policial nas narrativas sobre os protestos, permitindo a interpretação de que esses episódios: i) foram frequentemente compreendidos pelos manifestantes como “choque moral” (JASPER, 1997) que deu sentido e coesão às manifestações; e ii) tiveram papel importante na construção positiva de si elaborada pelos manifestantes (GOFFMAN, 1955), a partir principalmente da estratégia de distribuição de identidades polares (WOODWARD, 2000) para manifestantes e policiais.



Resumo Inglês:

Adopting a microinteractional perspective, this article performs a narrative analysis (BASTOS; BIAR, 2015) produced by protesters in the so-called “June Journeys”, which took place in Brazil in 2013. We specifically focus on the development of such events in the state of Rio de Janeiro. The analysis is compatible with the patterns of interpretive qualitative social research (DENZIN; LINCOLN, 2000), as well with a self-ethnographic viewpoint (REED-DANAHAY; 2001). The data were generated in open interviews with protesters from the main occupying acts from that historical period. The results of the analysis highlight the prominence and relevance of police repression episodes in the narratives, allowing us to interpret that: (i) these episodes were often understood by the protesters as a “moral shock” (JASPER, 1997) which gave meaning and cohesion to demonstrations; and (ii) these episodes played an important role in the presentation of respondents’ positive self (GOFFMAN, 1955). Furthermore, we suggest that, in these narratives, respondents often ascribe polarized identities to the police and the protesters.



Resumo Espanhol:

En este artículo se lleva a cabo, en perspectiva microinteraccional, un análisis de narrativas (BASTOS; BIAR, 2015) producidas por los activistas de protestas en junio de 2013 en Brasil. En particular, nos centramos en desarrollos de este tipo de eventos en el estado de Río de Janeiro. La investigación es cualitativa e interpretativa (DENZIN; LINCOLN, 2000), con una dimensión autoetnográfica (REED-DANAHAY, 2001). Los datos se generaron en entrevistas abiertas con activistas presentes en ocupaciones que marcaron el período. Los resultados identifican la importancia y la centralidad de los episodios de represión policial en narrativas sobre las protestas, lo que permite la interpretación de que estos episodios: i) son a menudo entendidos por los activistas como "choque moral" (JASPER, 1997) que aportaron sentido y cohesión a las demostraciones; ii) jugaron un papel importante en la construcción positiva de simismos por los activistas (GOFFMAN, 1955), gracias a la estrategia de distribución de identidades polares (WOODWARD, 2000) a los manifestantes y a la policía.