AS RELAÇÕES DE PODER E O SISTEMA EDUCACIONAL: AS COTAS SOCIAIS COMO UM MECANISMO DE RUPTURA

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ISSN: 2236-9929
Editor Chefe: Cristina Soares de Sousa
Início Publicação: 01/02/2002
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação

AS RELAÇÕES DE PODER E O SISTEMA EDUCACIONAL: AS COTAS SOCIAIS COMO UM MECANISMO DE RUPTURA

Ano: 2019 | Volume: 18 | Número: 35
Autores: SABRINA OLÍMPIO CALDAS DE CASTRO, DÉBORA GONZAGA MARTIN
Autor Correspondente: SABRINA OLÍMPIO CALDAS DE CASTRO | [email protected]

Palavras-chave: Relações de poder; Cotas sociais; Sistema educacional.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este ensaio teve como objetivo mostrar que as cotas sociais para o ingresso nas universidades federais se justificam não apenas em virtude do ensino público médio e básico deficitário, mas também em virtude das relações de poder que o sistema educacional brasileiro contribui para institucionalizar. Para tanto, o sistema escolar impõe determinado patrimônio cultural, além de contribuir para que haja uma reprodução das classes sociais, sendo que esses mecanismos se relacionam diretamente. Em virtude de tais aspectos, as cotas sociais se justificam por facilitar aos menos favorecidos o acesso ao conhecimento. Assim, proporcionam mudanças na ordem anteriormente vigente, envolta pelas relações de poder relacionadas ao sistema educacional, uma vez que antes da lei 12.711/2012 as vagas das universidades federais eram majoritariamente preenchidas por indivíduos das classes mais favorecidas, acarretando em um ciclo vicioso que favorecia a manutenção das classes. As instituições superiores foram fundadas no Brasil para atender aos indivíduos da elite brasileira, e nota-se que permaneceram traços historicamente enraizados dessa relação de poder quanto ao ensino superior. Como resultado, houve uma insatisfação de membros das classes mais favorecidas, ao depararem com a ampliação da oportunidade de indivíduos das classes desfavorecidas ingressarem nas universidades federais. Acredita-se que essas identificações de como essas relações de poder estão intrínsecas no sistema educacional possibilita iniciar discussões de fatores que não são facilmente identificados, mas que propiciam a compreensão dos motivos que ocasionaram divergências no meio social em virtude da sanção da Lei das Cotas Sociais.



Resumo Inglês:

This essay aimed to show that the social quotas for admission to the Federal Universities are justified not only because of the public deficit and basic public education, but also because of the power relations that the Brazilian educational system contributes to institutionalize. The school system imposes certain cultural patrimony, in addition to contributing to a reproduction of social classes, and these mechanisms are directly related. By virtue of these aspects, the social quotas are justified by facilitating access to knowledge for the less privileged. Thus, they provide changes in the previously existing order involved by the relations of power related to the educational system, since before the law 12.711 / 2012, the vacancies of the federal universities were mostly filled by individuals of the most favored classes, which entailed in a vicious cycle which favored the maintenance of classes. The superior institutions were founded in Brazil to attend the individuals of the Brazilian elite, and it has been noted that historically rooted traces of this relation of power to higher education remained. As a result, there was dissatisfaction among members of the most favored classes as they faced the widening of the opportunity for disadvantaged classes to enter Federal Universities. It is believed that these identifications of how these power relations are intrinsic in the educational system makes it possible to initiate discussions of factors that are not easily identified but which provide an understanding of the reasons that led to divergences in the social environment due to the sanction of the Law of Social Quotas.