REFLEXOS DA AÇÃO HUMANA SOBRE O AMBIENTE FÍSICO EM MITOS DE ORIGEM DE POVOS AMERÍNDIOS

Revista de Letras

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ISSN: 0101-8051 / 2358-4793
Editor Chefe: Maria Elias Soares
Início Publicação: 31/12/1977
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística

REFLEXOS DA AÇÃO HUMANA SOBRE O AMBIENTE FÍSICO EM MITOS DE ORIGEM DE POVOS AMERÍNDIOS

Ano: 2018 | Volume: 2 | Número: 37
Autores: Beatriz Furlan Toledo
Autor Correspondente: Beatriz Furlan Toledo | [email protected]

Palavras-chave: Mito. Jê Meridionais. Família Jê. Espaço.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O mito narra como uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição (ELIADE, 1963, p. 9). Os mitos indígenas são tomados por Lévi-Strauss (1973, 1978) como fontes de conhecimento em sociedades sem escrita e a originalidade do pensamento mitológico, para o autor, é desempenhar o papel do pensamento conceitual. Hoje, os mitos são usados pelos próprios povos indígenas com diferentes objetivos como, por exemplo, para que a língua e a sua mitologia sejam ensinadas às crianças ou também para fundamentar reivindicações territoriais e políticas. O mito é parte integrante da língua, é pela palavra que ele se apresenta (LÉVI-STRAUSS, 1978). A proposta desse trabalho é discutir a relação entre espaço geográfico e mitologia indígena em uma perspectiva que dialoga com a Ecolinguística, uma vez que para a análise realizada, é considerado fundamental o elo entre as pessoas (P) e o espaço (T) e como ocorre a apropriação simbólica desse espaço físico por seus habitantes. O objetivo é explorar como a percepção do espaço físico é representada subjetivamente por meio da língua em mitos de origem dos povos Xokleng e Kaingang (povos indígenas brasileiros) e dos povos Navajo e Mandan (povos indígenas norte-americanos). A análise aponta para a existência de relações entre a representação do subterrâneo presente nos mitos de origem desses quatro povos e registros arqueológicos que atestam a existência de habitações subterrâneas em lugares designados aos ancestrais desses povos. São feitas também algumas considerações sobre mitos Krahô, Kayapó e Xikrin - povos indígenas brasileiros da mesma família linguística que os Xokleng e Kaingang - que abordam o tema do subterrâneo, mas que relatam o não pertencimento à tradição de origem subterrânea e registram a distinção entre o que eles denominam “homens subterrâneos” e as pessoas pertencentes a seu povo.