Na virada dos séculos XIX e XX, quando Rudolph Kjéllen cunhava o termo geopolÃtica, o realismo polÃtico consagrava-se como uma teoria explicativa dominante para o entendimento das relações de poder em âmbito global. Passadas as duas Grandes Guerras Mundiais, a interdependência das nações pareceu um caminho sem volta, ainda que, durante o perÃodo da Guerra Fria, as oposições ideológicas pudessem colocar limitações polÃticas à integração que já era possÃvel devido aos avanços dos transportes e comunicações. Na década de 1970, o Realismo encontrou na academia, no seio das Relações Internacionais, uma teoria rival com grande poder explicativo para o rearranjo da ordem futura: o Liberalismo, entendido como uma teoria que aponta as instituições internacionais e a interdependência do comércio como forças poderosas no que tange à explicação das relações de poder em âmbito global. Este trabalho pretende apontar, através da invasão do Iraque de 2003, duas maneiras distintas de interpretar o mesmo evento à luz do Realismo e do Liberalismo, objetivando verificar suas limitações em um mundo ainda em transição no que tange à consolidação ou à caducidade de seus pressupostos analÃticos. Para tanto, centra-se nas caracterÃsticas do mundo contemporâneo que vem colocando em xeque alguns dos pressupostos realistas.