A principal premissa deste artigo é que subjetividade
moderna emerge como um artefato normativo de uma
moral que é construÃda e se sustenta sobre valorações
negativas opositivamente constituÃdas e atribuÃdas a um
Outro de si. Nestes termos, compreende-se, em linhas
gerais, que a ética ascética intramundana de Max Weber
e as tecnologias institucionais da sociedade disciplinar de
Michel Foucault guardam importantes motivações no ethos
compreendido como próprio do homem europeu pré-moderno
e pré-capitalista e nos subsidia na compreensão da emergência
do racismo moderno. O homem funciona, então, como um
espelho hermenêutico através do qual se busca negar os
caracteres sobre os quais se ergue por oposição qual verso
deste mesmo espelho. Sempre negados, estes caracteres
reaparecerão como atributos dos não-europeus, especialmente
de africanos e seus descendentes.