A questão do erro linguístico

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Editor Chefe: Kelcilene Grácia-Rodrigues
Início Publicação: 01/08/2005
Periodicidade: Trimestral

A questão do erro linguístico

Ano: 2019 | Volume: 15 | Número: 31
Autores: José Luiz Fiorin
Autor Correspondente: J. L. Fiorin | [email protected]

Palavras-chave: normativo, normal, agramaticalidade, inadequação, correção

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Durante muito tempo, a escola trabalhou com uma noção inflexível de erro: o que não obedecia a um dado padrão de língua. Com o avanço dos conhecimentos da sociolinguística, passou-se a dizer que, em língua, não havia certo e errado, mas adequado ou inadequado à norma. A questão da adequação ou inadequação é mais complexa do que a maneira simplista como é apresentada, pois as normais regionais, sociais e situacionais se entrecruzam numa enorme gama de possibilidades. Ademais, o problema do erro não se esgota na questão da adequação ou inadequação à norma. Os estudos discursivos impõem que pensemos também na questão da ambiguidade, da coerência, da coesão, etc. Este trabalho pretende fazer uma reflexão sobre o erro linguístico, mostrando o espectro de problemas abarcados por esse termo na modalidade escrita da língua: 1) desvio da norma adequada a uma dada situação de comunicação; 2) agramaticalidade da estrutura da frase ou do período; 3) violação de relações discursivas; 4) problemas ortográficos; 5) infringência a normas impostas por uma tradição do ensino; 6) hipercorreção; 7) falsa análise do enunciado; 8) falsas analogias; 9) impropriedades lexicais. Os erros ou inadequações de linguagem não têm todos o mesmo efeito: alguns prejudicam a compreensão do texto; outros comprometem o enunciador; outros, principalmente aqueles que denominamos erros por imposição da tradição de ensino, nem sequer são percebidos, pois já fazem parte da norma culta real.



Resumo Inglês:

For a long time, schools have worked with an inflexible notion of the mistake: that which does not abide to a certain linguistic standard. With the advance of sociolinguistics, we began to say that there is no right and wrong in a language, but only adequate and inadequate forms for a certain norm. The issue of adequacy or inadequacy is more complex than it is usually presented, since regional, social and situational norms can overlap in an enormous range of possibilities. In addition, the issue of the mistake is not limited by notions of adequacy or inadequacy to norms. Discourse studies urge us to also consider issues of ambiguity, coherence, cohesion, etc. This paper offers a discussion on the linguistic mistake, by showing the range of problems referred to by this term when it comes to written language: 1) refraining from adequate norms for a certain communication situation; 2) the ungrammaticality of a phrase or sentence structure; 3) the violation of discourse relations; 4) orthographic problems; 5) the dismissal of norms imposed by tradition; 6) hypercorrection; 7) a false analysis of what is enunciated; 8) false analogies; 9) inappropriate lexical choices. Linguistic mistakes or inadequacies do not all have the same effects: some make it difficult to understand a text; others compromise the enunciator; particularly those mistakes that are defined by the imposition of tradition, since they are already part of the actual cultivated norm.