Questão de Classe (Social): O proletariado de Marx segundo Sérgio Lessa

Revista Mundos do Trabalho

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ISSN: 19849222
Editor Chefe: Aldrin A. S. Castellucci
Início Publicação: 31/05/2009
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: História

Questão de Classe (Social): O proletariado de Marx segundo Sérgio Lessa

Ano: 2009 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: K. G. Teixeira
Autor Correspondente: K. G. Teixeira | [email protected]

Palavras-chave: classes sociais, proletariado, operariado

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Resumo Português:

Em Trabalho e proletariado no Capitalismo Contemporâneo, Sérgio Lessa parte da conceituação de trabalho em geral de Marx, para definir o proletariado como a classe que tem por função transformar a natureza nos bens necessários à reprodução material do “mundo dos homens”. Assim, segundo este, o proletariado de Marx refere-se apenas aos trabalhadores manuais, ou mais precisamente, aos operários do campo e da cidade. Mas seria precisamente assim para Marx? Está correto Lessa ao propor, a partir de uma leitura imanente do Livro I de O Capital, esta definição de proletariado? Marx, de fato, restringiria o proletariado aos trabalhadores manuais, e assim excluindo os demais assalariados, como, por exemplo, os trabalhadores do comércio e o trabalho intelectual (mesmo quando este está inserido no trabalhador coletivo)? Percebe-se facilmente que Lessa entende o fenômeno das classes sociais como produto da divisão social do trabalho, que opõe “como inimigos”, o trabalho manual ao trabalho intelectual. Para Marx, segundo Lessa, seria a posição e a função do individuo na estrutura produtiva que definiria o pertencimento a uma determinada classe social. Mas também não seria possível argumentar que o mesmo Marx do Livro I de O Capital, sobretudo a partir do capítulo dedicado à acumulação primitiva, entende as classes sociais como produto das condições sociais de propriedade ou não dos meios de produção e/ou de vida? São estas condições que fundam as relações capitalistas de produção e que permitem o funcionamento do modo de produção que delas emana, e, assim, não seriam elas que definiriam, inclusive, a posição que os agentes sociais ocuparão na estrutura produtiva? Não seria o proletariado de Marx, senão a classe que, não possuindo os meios de vida e de produção, tem de vender sua força de trabalho aos possuidores destes meios? Por que excluir todos os assalariados que, mesmo não convertendo a natureza nos meios materiais de vida, não deixam de ser funcionais à acumulação de capital? O texto proposto tem por finalidade analisar criticamente a leitura de Marx defendida por Sérgio Lessa, verificando seus limites e possibilidades para nosso entendimento do que sejam as classes sociais no capitalismo contemporâneo.