Este trabalho apresenta dois experimentos piloto de natureza offline que buscam averiguar a semântica do numeral reduplicado distributivo sohoji-sohoji (um-um) presente na lÃngua indÃgena brasileira Karajá (tronco Macro-Jê). O experimento 1 testou se crianças entre 7-10 anos utilizariam o numeral reduplicado distributivo de forma genérica, como é observado em indivÃduos adultos, ou, se durante o perÃodo de aquisição, haveria marcação da cardinalidade expressa pela reduplicação dos numerais “doisâ€, “três†e “quatroâ€. O experimento 2, realizado com indivÃduos adultos, teve como objetivo averiguar se o operador lógico ∀ faria parte da semântica do numeral reduplicado distributivo em Karajá, como esperado por Gil (1995), ou se a exaustividade dos itens distribuÃdos não estaria em jogo para a aceitabilidade de sentenças distributivas. Os resultados preliminares obtidos por estes dois experimentos parecem trazer novas perspectivas para teorias atuais sobre quantificação e distributividade em lÃnguas humanas uma vez que, de acordo com os dados obtidos, crianças Karajá parecem partir da estrutura mais especificada para a genérica e a exaustividade dos itens distribuÃdos não parece ser necessária para a aceitabilidade de sohoji-sohoji por indivÃduos adultos.
This paper presents two offline pilot experiments that investigate the semantics of the reduplicated distributive numeral sohoji-sohoji (one-one) present in Karajá (a Brazilian indigenous language from Macro-Jê stock). The first experiment tested whether children, aged 7-10, use the reduplicated distributive numeral generically, as observed in adults, or if, during acquisition, the distributivity could also be expressed cardinally by the reduplication of the numerals "two", "three" and "four" as well. The second experiment, held with adults, aimed to verify if the logical operator ∀ would be part of the semantics of reduplicated distributive numeral sohoji-sohoji, as expected by Gil (1995), or if the exhaustiveness of the distributed items would not be into play during the acceptability task of distributive sentences in Karajá. The preliminary results obtained by these two pilot experiments seem to provide new perspectives on current theories about quantification and distributivity since Karajá children appear to start from more specified to generic structures and the exhaustiveness of distributed items does not seem necessary for the acceptability of sohoji-sohoji by adults.