Quando os psicofármacos fazem confundir melancolia e depressão

Revista Latinoamericana De Psicopatologia Fundamental

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Início Publicação: 10/03/1998
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Psicologia

Quando os psicofármacos fazem confundir melancolia e depressão

Ano: 1998 | Volume: 1 | Número: 2
Autores: Rubens Coura
Autor Correspondente: Manoel Tosta Berlinck | [email protected]

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Resumo Português:

A atual busca de aproximação com psiquiatras, por iniciativa de muitos psicanalistas, é em parte resultante de uma peculiar idealização da psiquiatria efetuada por esses mesmos psicanalistas – enquanto as populações em geral idealizam a Medicina como um todo, tanto uns como outros em decorrência do mesmo fascínio pela tecnologia que tornou possíveis os novos antidepressivos.

Tanto essas idealizações efetuadas pelas coletividades em geral, como aquelas análogas feitas por psicanalistas, fazem parte de uma verdadeira ideologia da produtividade – que implica uma escalada obsessiva (e não melancólica nem depressiva) da sociedade. Estamos atravessando uma era na qual se repetem as características da neurose obsessiva – numa identificação mútua baseada no esforço coletivo rumo a um estado de perfeita e perpétua saúde do corpo.

A aproximação mais desejável parece ser a de psicanalistas com os médicos em geral (sem exclusão dos psiquiatras), principalmente dentro dos grandes hospitais gerais, por ser neles que ocorrem as mais eloqüentes demandas de médicos por uma escuta psicanalítica que os ajude a entender as solicitações desmesuradas que lhes são feitas para a obtenção dessa saúde plena e dessa “nova religião” pela imortalidade do corpo.